terça-feira, 10 de maio de 2011

A polêmica do novo Código Florestal

COBERTURA PICADA
A polêmica do novo Código Florestal

Por Luciano Martins Costa em 10/5/2011

Comentário para o programa radiofônico do OI, 10/5/2011

O noticiário desta terça-feira (10/5) sobre a polêmica do novo Código Florestal oferece ao leitor um verdadeiro picadinho de letras.

O Globo destaca que o governo estaria disposto a abrir mão de reflorestar 23 milhões de hectares em troca de um acordo que permita manter dois princípios: não anistiar desmatadores e não permitir novos desmatamentos.

O Estado de S.Paulo, em reportagem mais ampla, destaca a disposição do governo de abrir mão de parte significativa da dívida agrícola dos produtores que se dispuserem a recuperar Áreas de Preservação Permanente em margens de rios e encostas.

Já a Folha de S.Paulo, em texto abaixo da dobra da página, faz a contabilidade das perdas florestais no caso de aprovação do relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).

Síntese

A reportagem da Folha consegue uma síntese melhor do confronto, ao repetir os pontos da polêmica entre ambientalistas e ruralistas e apresentar o cálculo feito pelo Ministério do Meio Ambiente para as perdas representadas pela proposta de Rebelo.

Segundo o jornal paulista, o Brasil perderia 15 milhões de hectares de florestas, o equivalente ao terrritório do Acre, em áreas que não precisarão ser reflorestadas caso seja aprovado o projeto como se encontra.

No relato da Folha, os últimos movimentos mostram o governo ainda na defensiva, manobrando para adiar a votação enquanto tenta desarmar a bomba preparada por Aldo Rebelo.

Para o Globo, a suposta disposição do governo de aceitar uma extensão menor de áreas para recuperação florestal implicaria em perdas de cobertura vegetal equivalentes a cinco vezes o território do Estado do Rio ou a todo o Estado de Rondônia.

Mesmo assim, de acordo com o jornal carioca, o representante dos ruralistas não se contentaria. Aldo Rebelo quer ampliar ainda mais as concessões, desobrigando todas as propriedades com até quatro módulos fiscais – de 20 a 400 hectares – da obrigação de repor as florestas derrubadas.

Dívida

No Estadão, o foco principal é a dívida agrícola, um dos pontos mais críticos entre as propostas dos ruralistas.

A dívida dos produtores rurais, calculada em R$ 80 bilhões, seria reduzida em até 70%, em troca de iniciativas que comprovadamente promovam a redução das emissões de gases de efeito estufa.

A cada tonelada de carbono retida com o replantio de árvores, o proprietário ganharia o equivalente a R$ 17 em perdão de dívidas.

Com isso seria possível, segundo os cálculos do governo, recuperar cerca de 430 mil quilômetros quadrados de florestas.

Para entender parte do "imbroglio", o leitor teria que ler todas as reportagens do dia, e ainda consultar os antecedentes já publicados.

De qualquer forma, o fato de os três principais jornais de circulação nacional terem voltado a acompanhar o debate já é um avanço no sentido de chamar a atenção dos leitores urbanos para esse desafio que pode afetar duramente o futuro do País.

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