sexta-feira, 26 de março de 2010

CONVITE PARA ENTERRO

É COM PESAR QUE COMUNICAMOS: Faleceu na madrugada de hoje às 4:00 horas,o colega geólogo LAMARTINE CORTES LIMA.O velório será realizado na Capela do Cemitério Jardim Metropolitano.Missa de corpo presente às 16:00hs e sepultamento às 17:00hs.

terça-feira, 16 de março de 2010

PNUD lança livro sobre situação dos jovens

PNUD lança livro sobre situação dos jovens
Relatório faz uma comparação do desenvolvimento entre os jovens do Mercosul, e apresenta dicas para lidar com seus principais problemas



Leia também

Metade dos jovens sofre privação no Brasil



da PrimaPagina

Será lançado nesta quarta-feira, em Brasília, o Relatório de Desenvolvimento Humano para o Mercosul "Inovar para Incluir: Jovens e Desenvolvimento Humano". O documento, apresentado em espanhol em dezembro passado, estará disponível agora em português. Ele expõe dados sobre a vida dos jovens dos quatro países fundadores do Mercosul, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, como forma de contribuir para o debate sobre a importância de se investir na juventude para avançar na questão do desenvolvimento humano.

Segundo Regina Novaes, consultora do PNUD, o lançamento acontecerá no II Encontro dos Conselhos da Juventude, que reúne os conselheiros e os gestores de políticas nacionais para essa parcela da população. "Então todos eles levarão o documento, já que são os maiores destinatários", afirma.

O lançamento do livro será às 10 horas no Hotel St. Peter – Setor Hoteleiro Sul Quadra 02 Bloco D. Estarão presentes o presidente interino do PNUD Brasil, Eduardo Gutierrez, o Secretário Nacional da Juventude, Beto Cury, e a própria Regina Novaes.


Brasil

Segundo o estudo, o Brasil, 75º no Ranking do IDH, "é o único país dos quatro que alcançou uma melhora substancial no médio prazo, com uma redução de mais de um terço da pobreza estrutural [privação reforçada por barreiras sociais, econômicas e administrativas que impedem o acesso a oportunidades de trabalho, melhor assistência hospitalar e moradia]", diz o estudo. Ele sugere que este comportamento está associado a um forte aumento no nível educativo dos jovens registrado nos últimos anos.

O relatório também indica que persistem as diferenças regionais, sendo que a região nordeste é "uma das zonas do Mercosul onde os jovens vivem em piores condições". Negros, mulatos e principalmente índios continuam os mais expostos à pobreza.

Além disso, a violência, os altos níveis de desigualdade, a discriminação de gênero e o sentimento de exclusão dos mecanismos formais de participação política são outras queixas comuns aos jovens brasileiros. Entretanto, "os jovens estão conscientes de seus direitos, e por isso formulam diversas demandas ao Estado como, por exemplo, a diminuição da violência, melhorias na saúde e educação e luta contra a corrupção", diz o relatório.

Dia Internacional e Municipal da Água - 22 de março.

O Presidente da Câmara Municipal de Fortaleza,

Vereador Salmito Filho







convida para Sessão Solene em alusão ao

Dia Internacional e Municipal da Água - 22 de março.




Requerimento de autoria da Vereadora Eliane Novais.




A realizar-se às 14h30min,

do dia 22 de março de 2010,

no Plenário Fausto Aguiar Arruda.







Endereço: Rua Thompson Bulcão, 830 – Luciano Cavalcante

ABGE - Nacional, 15 de março de 2010

INFOMAIL

ABGE - Nacional, 15 de março de 2010



Caro Associado,



Comunicamos a realização do evento:



VII Simpósio de Prática da Engenharia Geotécnica da Região Sul - Geosul 2010



Data: 21 a 23 de abril de 2010.

Local: Foz de Iguaçu - PR

Promoção: ABMS



Segue anexo convite do evento para mais informações.



Atenciosamente



A DIRETORIA

Declaração Universal dos Direitos da Água

De acordo com a Declaração Universal dos Direitos da Água, ela é seiva do nosso planeta e condição essencial da vida na terra. Confira os artigos:

Art. 1º - A água faz parte do patrimônio do planeta.Cada continente, cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão é plenamente responsável aos olhos de todos.

Art. 2º - A água é a seiva do nosso planeta.Ela é a condição essencial de vida de todo ser vegetal, animal ou humano. Sem ela não poderíamos conceber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura. O direito à água é um dos direitos fundamentais do ser humano: o direito à vida, tal qual é estipulado do Art. 3 º da Declaração dos Direitos do Homem.

Art. 3º - Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser manipulada com racionalidade, precaução e parcimônia.

Art. 4º - O equilíbrio e o futuro do nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Este equilíbrio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os ciclos começam.

Art. 5º - A água não é somente uma herança dos nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma necessidade vital, assim como uma obrigação moral do homem para com as gerações presentes e futuras.

Art. 6º - A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo.

Art. 7º - A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem envenenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis.

Art. 8º - A utilização da água implica no respeito à lei. Sua proteção constitui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. Esta questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.

Art. 9º - A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.

Art. 10º - O planejamento da gestão da água deve levar em conta a solidariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.

CONVITE PARA EVENTO COMEMORATIVO

O Presidente da Associação dos Servidores da SOHIDRA-ASSO, tem a honra de convida-lo(la)para o evento comemorativo do DIA INTERNACIONAL DA ÁGUA

Local: Auditório do Espaço das Águas da COGERH/SOHIDRA.
Rua: Adualdo Batista 1550.Ponto de referência Centro Administrativo do Governo do Estado no Cambeba.FORTALEZA-CEARÁ.Telefone:32181557.Inscrição grátis.
HORÁRIO: das 08:00h às 18:00.
PARTICIPE!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Comemorar o quê?

Caderno da Cidadania
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DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Comemorar o quê?

Por Ligia Martins de Almeida em 9/3/2010


Uma vez por ano, os jornais discutem a situação da mulher no Brasil e no mundo como parte das comemorações do dia Internacional da Mulher. E, embora tentem mostrar que houve evolução no mercado de trabalho, na ocupação de postos antigamente exclusivos dos homens, ainda há pouco a comemorar. Como revelou a Folha de S.Paulo na edição de domingo (07/03/2010):

"A desigualdade entre salários de homens e mulheres diminuiu no Brasil nos últimos 30 anos, mas o diferencial é, quase sempre, a favor dos homens. Dados tabulados pela Folha a partir da PNAD de 2008 mostram que, de um total de 61 ocupações analisadas, em apenas seis o rendimento das mulheres por hora de trabalho superava o de homens.

"Mesmo em profissões em que a participação masculina é inferior a 20%, o rendimento delas é, em média, menor. Secretários do sexo masculino, por exemplo, representam apenas 7% do total, mas recebem por hora 32% a mais que mulheres na mesma profissão. Nas poucas áreas em que as mulheres têm rendimentos maiores, isso ocorre porque o nível de escolaridade delas é superior ao dos homens na mesma profissão. Um exemplo disso pode ser constatado entre guardas e vigias, ocupação em que as mulheres são apenas 5% do total. O rendimento médio por hora de trabalho delas é 10% superior ao de homens. Mais da metade (53%) dessas profissionais têm ao menos nível médio completo. Entre homens, esta proporção não passa de 31%."

"Um fenômeno de desgaste"

Se a maioria das mulheres brasileiras – as pobres, com pouca escolaridade e com salário menor que os dos homens – ainda luta por oportunidades iguais, poderíamos comemorar o Dia Internacional da Mulher dizendo que houve uma significativa mudança da imagem da mulher. Parece que não. Se houve uma mudança, foi para pior, como diz o artigo do professor de ética é filosofia política da USP, Renato Janine Ribeiro:

"Há décadas, a mulher que posava para calendários de borracharia saía mal na reputação. Mas hoje, na mídia, é ela, como objeto de desejo, que controla o sujeito desejante. O jogo ficou mais complexo. O sujeito não manda, necessariamente, no objeto. Há mulheres que extraem poder de uma condição de objeto habilmente constituída. O problema é que essa não é uma verdade universal nem majoritária.

A mulher atacada sexualmente na rua não controla nada, não tem poder, é vítima de uma violência inadmissível. Mas um número menor de mulheres – que consegue ser protagonista do que [o filósofo] Walter Benjamin chamava a reprodução mecânica e que hoje chamaríamos a imagem na mídia – ganha dinheiro, fama, poder com isso. O problema é que há mais estupros do que capas de Playboy, de modo que o poder e a riqueza de algumas não apagam o abuso sobre muitas. Finalmente: quando a mídia defende o direito (da cervejaria? da socialite? do espectador voyeur?) à propaganda com Paris Hilton, vivemos um fenômeno de desgaste: durante milênios o erotismo esteve no jogo entre o que se vê e o que apenas se adivinha" (Folha de S.Paulo, 07/03/2010).

Duas candidatas a presidente

Seria o caso, então, de celebrar as conquistas referentes às liberdades individuais? Não parece, a julgar pelo artigo publicado no Suplemente Feminino do jornal O Estado de S. Paulo no mesmo dia 7. Segundo a historiadora Mery Del Priore, as mulheres enfrentam hoje novas formas de submissão:

"Não vemos mulheres liberadas se submeterem a regimes drásticos para se conformarem a um único modelo físico: o do tamanho 38? Não as vemos se infligir sessões de musculação nas academias, empanturrando-se de todos os tipos de anabolizantes? Não as vemos se desfigurando com as sucessivas cirurgias plásticas, negando-se a envelhecer com serenidade? Tamanho grande? Só no fundo da loja.

"A energia que as mulheres consagram aos seus corpos para não deixá-los enrugar e engordar é impressionante. E tudo para caber em um outro cárcere: aquele do olhar masculino. Se ainda existem mulheres engajadas em lutas, vale lembrar essa, contra as novas formas de submissão. Contra o servilismo moldado pela mídia, pela televisão, pelos outdoors. E, quem sabe, o Dia Internacional da Mulher ajude a pensar esse trágico erro: o de que só o corpo pode falar a linguagem da sedução?"

Talvez só nos reste celebrar o fato de que no dia 8 de março do ano de 2010, o Brasil tem duas mulheres confirmadas para a disputa das eleições presidenciais. Pode ser que não mude nada – efetivamente – para as milhões de brasileiras que sonham com um futuro melhor. Mas a presença das duas na campanha pode fazer com que a mídia esqueça um pouco das mulheres objeto e dê mais destaque às outras mulheres, as mulheres comuns que terão um papel decisivo nas próximas eleições.

sexta-feira, 5 de março de 2010

A arte de chorar mais alto

A arte de chorar mais alto

Por Eugênio Bucci em 3/3/2010


Pelos grandes jornais – e pelos grandes telejornais também –, chegam até nós notícias sobre intolerância e autoritarismo em Cuba e na Venezuela. Com muita regularidade. Isso significa que a nossa imprensa não tem olhos para as violações dos direitos humanos cometidas em outras partes do mundo, ou perpetradas por governos que não se pretendam "socialistas"?

Não. Eu, pelo menos, acredito que não. Sei que essa minha impressão contraria muita gente, que não vê nada além de uma gigantesca máquina de propaganda neoliberal no conjunto dos meios de comunicação no Brasil. Pois eu, de minha parte, que tantas vezes apontei defeitos das comunicações no Brasil, defeitos que agora viraram chavões de muitos discursos engajados, sem abrir mão de uma vírgula do que já escrevi, tenho afirmado recentemente, e afirmo uma vez mais, que acredito no oposto. Acredito que essa visão, ela sim, dos que só vêem propagandismo na imprensa, tem procurado desconstruir a percepção do valor da liberdade entre nós. Se fosse bem sucedida, essa visão teria efeitos muito mais nefastos que qualquer notícia incorreta ou deliberadamente distorcida.

Sobre isso, portanto, escrevo uma vez mais.

O pensamento perseguido em Cuba

Na semana passada, circulou entre nós com imenso destaque a notícia da morte de um prisioneiro político em Cuba, Orlando Zapata Tamayo, depois de 85 dias de greve de fome. O caso coincidiu com a visita do presidente brasileiro à ilha dos irmãos Fidel e Raúl, e por isso teve potencializada a sua repercussão. No mais, como tudo o que diga respeito à ilha, as notícias costumam ser desencontradas. Fontes diferentes afirmaram que o enterro de Zapata, que reuniu cerca de 100 pessoas, sofreu uma espécie de repressão preventiva da ditadura, que pretendia impedir que o funeral se convertesse em ato político. Em boa medida, o objetivo foi alcançado. Depois disso, outros cubanos entraram em greve de fome, alegando que não querem deixar que se apague a chama acesa por Zapata. Pedem a libertação de outros prisioneiros. Organizações de direitos humanos não reconhecidas pelo regime falam que em Cuba existem duas centenas de "presos de consciência", ou seja, gente que está enjaulada porque pensa diferente.

Sobre assuntos assim, os maiores diários e telejornais brasileiros informam e discutem minimamente. Há quem atribua essas pautas a uma oposição ideológica contumaz que os proprietários dos meios de comunicação no Brasil moveriam contra o "socialismo" de Chávez e dos irmãos Castro. Para os defensores de Chávez e dos Castro, a imprensa brasileira daria destaque às distorções e aos excessos de autoritarismo porque estaria empenhada em fazer propaganda contra o "socialismo", apenas isso. Pelo mesmo motivo, ela não reportaria, jamais, o que chamam de "avanços" na área da saúde, da educação, do saneamento básico.

Esses setores parecem postular que o suposto atendimento de necessidades básicas – um prato de comida, um teto, um leito hospitalar – substituiria a necessidade de liberdade. Parecem acreditar que um ambiente político que impõe a censura, mais ou menos explícita, é um problema menor. E, para dar sustentação a seus argumentos, denunciam os crimes contra os direitos humanos cometidos por governos "do outro lado", como os Estados Unidos e Israel. Fazem essas denúncias como se a tal "grande imprensa" simplesmente silenciasse sobre as atrocidades praticadas por autoridades "do lado capitalista".

Muitos ainda acreditam que a "grande imprensa" só publica reportagens desfavoráveis aos ditadores "socialistas" – e favoráveis aos governantes pró-mercado. Por isso, desqualificam em regra todo discurso jornalístico baseado na idéia de objetividade, de independência e de crítica. Esse equívoco polui a visão que temos da nossa própria imprensa.

Bem sei que sempre que digo isso atraio pedradas e desaforos, mas o fato é que nossa imprensa é bem melhor do que esse tipo de mentalidade tenta dizer que é.

Os cybercoronéis mandam e desmandam no Brasil

Sem dúvida, há selvageria para todos os gostos nas páginas dos maiores jornais e revistas do país. Do mesmo modo, há brutalidades simbólicas – e às vezes brutalidades de fato – nos principais telejornais, no radiojornalismo e também em sites de grandes veículos na internet. Em alguns estados brasileiros, a imprensa é pouca coisa além do diário de um oligarca obscurantista, patrimonialista praticante, que também é dono de uma TV afiliada a uma rede nacional. Com esse equipamento nas mãos, os coronéis de última geração – os cybercoronéis, que aliam as formas de dominação das capitanias hereditárias às especulações financeiras e ao Bluetooth – promovem calúnias as mais diversas, impedem a diversidade no debate público, fazem propaganda (ou contrapropaganda) eleitoral o ano inteiro e desinformam o público.

Tudo isso é verdadeiro, mas dizer isso – que, aliás, já está dito, por mim mesmo, há muito tempo – é dizer muito pouco. Dizer isso e nada além disso pode nos fechar os olhos para os coronéis partidários, uma nova conformação de coronelismo de extração sindical, por assim dizer, que é igualmente nociva ao jornalismo. Alguns acreditam até mesmo que, por padecer de seus defeitos ancestrais, toda a imprensa brasileira deveria ser varrida para o lixo, pois nada do que ela publica tem validade. Pior ainda, acreditam que os neocoronéis que supostamente têm "consciência de classe" poderiam ser mais "progressistas" que os primeiros.

Não é assim. A despeito de todas as tragédias que decorrem das precariedades do jornalismo pátrio, tanto do lado dos coronéis à antiga, remodelados pelas novas tecnologias, como dos neocoronéis à esquerda, turbinados pelo dinheiro, há pluralidade no espaço público. O que tem nos faltado, paradoxalmente, é capacidade de enxergar que a pluralidade existe, apesar de tão graves limitações. Falta-nos perceber que o desafio posto para a democracia brasileira é o de aprofundar a liberdade de imprensa – não o de restringi-la. A liberdade de imprensa inclui a má qualidade, infelizmente, mas só um ambiente de mais liberdade é capaz de abrir horizontes para o aprimoramento da imprensa. Se nos permitíssemos um olhar menos apressado, menos partidário, e mais amplo ao próprio fenômeno da imprensa, chegaríamos a essa conclusão. Mas, lamentavelmente, estamos soterrados pelas agendas partidárias.

Por mais que alguns se esforcem em demonstrar o contrário, a imprensa brasileira não é monolítica. Por mais que tenha suas tendências de propaganda ideológica, às vezes obstinada, ela não é imune às contradições da realidade, que ela reflete, de um modo ou de outro. Por mais que nela existam vícios, nenhuma virtude viria de seu confinamento. Quanto mais livre, mais crítica ela será. E, por incrível que pareça, mais controlável ela será – controlável, eu quero dizer, pelo cidadão, pela sociedade, não pelo Estado.

Israel agora difama jornalistas

Eu pensava nisso enquanto assistia ao Jornal Nacional na sexta-feira (26/2). Tinha lá uma nota sobre a cara que Hugo Chávez fez quando faltou luz durante um pronunciamento oficial. A energia anda escassa na Venezuela, até mesmo para o chefe. Um pouquinho antes, entrou uma breve informação sobre o clima de perseguição a jornalistas que vai ganhando corpo não na Venezuela, mas em Israel.

Transcrevo a nota a seguir:

"Campanha do governo de Israel irrita imprensa.

"Uma campanha lançada pelo governo de Israel gerou protestos dos jornalistas estrangeiros que trabalham no país.

"O governo quer que os israelenses que viajem para o exterior expliquem o que chamou de `a realidade do país´. A campanha usa vídeos com atores para ilustrar supostos erros cometidos pelos correspondentes.

"Em um deles, um camelo é retratado como o principal meio de transporte em Israel. Em outro, uma apresentadora de TV fala sobre ruídos de uma guerra, enquanto são mostradas imagens de uma comemoração com fogos de artifício.

"A associação de imprensa estrangeira de Israel classificou os vídeos como ofensivos."

Se essas poucas linhas, lidas pelo apresentador, sem imagens, tivessem como objeto não o governo de Israel, mas o de Caracas, provavelmente os defensores do chavismo se apressariam em desqualificá-las como mais um capítulo da odiosa propaganda ideológica etc. Mas ela denunciou o governo de Israel, que agrediu a liberdade de imprensa. Isso significa que o JN entrou em pregação contra Israel? Ou significa apenas que está noticiando um fato relevante?

Sou pela segunda alternativa, mas, para isso, boa parte dos comentadores da imprensa no Brasil não costuma prestar atenção. Muitos deles falam de um espaço público que não examinam direito. Com seu olhar engajado – e engajado por antecipação – não nos ajudam a entender o que se passa e, em vez disso, tentam nos convencer a todo custo de que essa "mídia patronal" mereceria menos, não mais liberdade. Não sabem que quando a "mídia patronal" tiver menos liberdade, todas as outras, supostamente não-patronais, terão menos liberdade ainda.

Mas deixemos isso de lado.

Um caso dos anos 1950, para não esquecer

Em 1990, eu era editor da revista Teoria & Debate, então vinculada ao diretório estadual paulista do Partido dos Trabalhadores. Lembro-me de que publicamos, no número 11, uma entrevista que Jacob Gorender concedeu a Alípio Freire e Paulo de Tarso Venceslau. Foram sete horas de conversa gravada, que os dois entrevistadores sintetizaram em algumas páginas de revista.

Jacob Gorender contou uma história bastante esclarecedora. Na década de 1950, ele estava na União Soviética, estudando. Acompanhou de perto os debates em torno dos crimes de Stalin, durante os preparativos do XX Congresso do Partido Comunista, em 1956.

Ele conta:

"Durante o curso [que ele fazia em Moscou], realizou-se o XX Congresso do PC da União Soviética. O [Diógenes de] Arruda foi ao congresso como representante brasileiro, e a ele se juntaram [Maurício] Grabois e Jover Telles, participantes do curso em Moscou. Para nossa surpresa, o jornal Pravda começou a publicar artigos e discursos de vários dirigentes com críticas a Stalin. Depois, veio o famoso informe confidencial de Kruchev. Não o lemos porque não nos foi distribuído. Só circulava dentro do âmbito do próprio PCUS. Mas nós ouvimos conferências de professores que nos transmitiram seu conteúdo. O informe fez a primeira revelação oficial de parte dos crimes de Stalin. Esse congresso vai abalar o PCB. Em maio de 1956, o informe foi publicado na íntegra pelo New York Times e pelos grandes jornais do mundo inteiro. Aqui no Brasil ele foi, a princípio, declarado falso pelos comunistas. Porém, Arruda, ao regressar da viagem, confirmou a autenticidade do documento." (T&D, nº 11, agosto de 1990, p. 28-29)

Gorender nos contou suas memórias com naturalidade. Ele lembrou que os militantes do PCB, na época, liam no Estado de S.Paulo as dimensões tenebrosas da tirania stalinista, suas carnificinas, seus desmandos, e atribuíam tudo à propaganda anticomunista. Semanas se passaram até que próprios representantes do PCB ao congresso do PCUS pudessem retornar de Moscou e confirmar o noticiário. O que a imprensa burguesa dizia era estritamente a verdade. Diante disso, correndo, os próprios dirigentes brasileiros, stalinistas até o dia anterior, se repaginaram em anti-stalinistas e se mantiveram em seus postos por muitos anos mais. Mudaram para permanecer.

Mas, curiosamente, o que os stalinistas diziam sobre a imprensa burguesa, as críticas que faziam, fáceis e virulentas, mesmo quando falsas, essas ficaram. Estão aí, até hoje, com as adaptações de praxe. Quando não podem negar a verdade dos fatos, essas críticas se insurgem contra a liberdade do mensageiro. Agora, como antes. Antes, como agora.

A quem serve esse tipo de histeria?

Especializados em chorar mais do que os outros, em fazer barulho a ponto de ensurdecer os demais, os denunciadores profissionais da mídia burguesa (ou patronal, ou imperialista, o que quer que seja) desenham uma paisagem forjada, irreal. Movidos por uma agressividade irracional contra os que deles discordam, numa postura que encontra paralelos entre as piores intolerâncias da direita, só vêem o que convém – e, quando convém, forçam o que veem. Não parecem ter compromisso com a função de informar a sociedade, mas com forças políticas exteriores à imprensa. Não prezam o arejamento, mas as diretrizes rígidas. Não enxergam as contradições, mas a verdade oficial. Choram quando contrariados – e, com sua birra estridente, iludem suas platéias, que ainda veem a liberdade de imprensa como um mal a ser contido.

Coisas que você não sabe

Coisas que você não sabe
e a mídia não explica

Vera Silva (*)






leitura diária dos jornais e revistas e o assistir diariamente à TV nos trazem duas preocupações: a falta de contextualização dos fatos e a falta de continuidade das coberturas.

É comum que se noticiem fatos, pesquisas e estatísticas sem que o contexto em que os fatos se deram sejam explicados e o seu alcance estabelecido. Dias depois, qualquer assunto, por mais importante que pareça ser, desaparece do vídeo e das páginas e nunca mais se ouve falar dele. É como se deixasse de existir ou de nos preocupar.

Ora, considerando que a mídia deveria ser agente de prestação de serviço público, há uma aparente despreocupação com esta função. Contudo, quando conversamos com os profissionais de imprensa, é comum percebermos que a maioria deles tem consciência desta responsabilidade. Por que, então, a dificuldade para operacionalizar a ação?

É preciso encontrar explicações.

O cidadão comum não conhece a extensão dos seus direitos, o funcionamento do sistema bancário, o curso do desenvolvimento humano, as psicopatologias mais freqüentes, a operacionalização da política partidária e do exercício do poder, a política previdenciária etc. O cidadão comum tem apenas informações sobre alguns deste fatos, mas, a menos que tenha procurado informações complementares, não é capaz de perceber a extensão destes aspectos em na vida. Em outras palavras, ele não poderá agir preventiva ou corretivamente para manter o curso de sua vida na direção desejada.

Se os cursos de Comunicação não ensinarem a seus alunos como se faz esta ligação, eles terão que aprender, errando, durante o exercício da profissão, provocando seqüelas no cidadão comum que se informa através deles.

Alguns exemplos:

Sistema financeiro - Será que todas as pessoas que têm uma conta bancária sabem que, em caso de liquidação extrajudicial da instituição, elas serão tratadas como devedoras solidárias e que todos os valores excedentes a R$ 20.000, somadas todas as contas, inclusive a caderneta de poupança, estarão perdidos? Eu, por exemplo, não sabia, e perdi parte de minhas economias na falência do Banco BMD. Contudo, por ocasião da falência deste e de vários outros bancos, nenhuma das muitas notícias sobre o assunto continha informações para que os leitores e telespectadores se protegessem. Assim, como não há acompanhamento do fato, poucos até hoje sabem disto, e também poucos sabem que o problema não foi resolvido até hoje. Este é um exemplo na área, outro pode ser a análise econômica do plano real que nos deixou desprotegidos quanto aos dias negros que estamos vivendo. Etc. etc. ...

Comportamentos-limite (são assim chamados os comportamentos patológicos como assassinatos em série, infanticídios, abandono de menores e de idosos, gravidez precoce, comportamento de risco etc.) - Estes comportamentos provocam comoções públicas, gestos de generosidade, pânico, mas é muito raro que provoquem esclarecimentos reais das suas causas. Os especialistas consultados e os populares entrevistados falam duas línguas diferentes e, em geral, a imprensa não considera que este é o momento para abrir uma coluna ou um pequeno quadro diário com discussões de como a sociedade poderia evitar e resolver estes problemas. Assim, o noticiário fixa na mente das pessoas a inevitabilidade do problema e a quase impossibilidade de resolvê-lo.

Prevaricação (são os assim chamados comportamentos de faltar ao dever no exercício de um cargo) - Atualmente, a prevaricação, ou a acusação de provável prevaricação, tem sido freqüentadora habitual das manchetes. Os mais variados crimes desfilam diante dos nossos olhos estarrecidos, sem que as saídas e os motivos sejam discutidos. Para nós, simples mortais, fica a sensação desconfortável de que o Brasil é o país da impunidade e que o exercício do poder é corruptor. Não se discute o comportamento corrupto, mas a corrupção em tese. Ora, fazendo isto, a sociedade não dispõe de elementos para corrigir o contexto que facilita a corrupção, perdendo a possibilidade de mudar o "status quo".

Esperamos sinceramente poder abrir um debate que leve à mudança de comportamento da mídia. Não é possível que mantenhamos o hábito do denuncismo, da reclamação, da lamentação, do estupor. Estes não são comportamentos - de - cidadão(ã). São comportamentos de criança impotente. É hora de exercitar o comportamento adulto de sintetizar as análises que fazemos de forma a produzir mudanças no contexto e nas perspectiva de futuro.

(*) Psicóloga







Continuação da Imprensa em questão

Mais gelo na Lua

Divulgação Científica
Mais gelo na Lua
3/3/2010

Agência FAPESP – A sonda Chandrayaan-1, da Índia, detectou grandes depósitos de gelo no polo norte da Lua. A confirmação foi feita por um grupo de pesquisadores a partir de dados enviados por um radar da Nasa, a agência espacial norte-americana, que está a bordo da sonda.

Foram identificadas mais de 40 crateras – com entre 2 e 15 quilômetros de diâmetro – que contêm água congelada. “Embora o total de gelo dependa da espessura de cada cratera, estimamos que o total seja de pelo menos 600 bilhões de quilos”, destacou a Nasa em anúncio feito nesta segunda-feira (1º/3).

A descoberta confirma dados obtidos pela missão Lunar Prospector e pela missão Lcross, que no ano passado identificou, por meio de uma análise de impacto, gelo no polo sul do satélite terrestre.

O radar Mini-SAR tem ajudado os cientistas a investigar regiões permanentemente escuras nos dois polos da Lua. Há tempos se estimava que essas áreas extremamente frias poderiam conter em grandes quantidades materiais voláteis, como água na forma de gelo.

A sonda Chandrayaan-1 foi lançada em outubro de 2008 e tem como objetivo obter dados para a produção de um atlas tridimensional da Lua e conduzir um mapeamento da distribuição de minerais e de elementos químicos na superfícies do satélite.

Numerosas crateras nos polos da Lua têm seu interior permanentemente fora do alcance da luz solar. São áreas muito frias e o gelo ali está, em essência, indefinidamente estável.

A quantidade estimada de gelo nas crateras no polo norte é comparável com o total identificado na missão Lunar Prospector, na faixa das centenas de milhões de toneladas métricas.

Mas, de acordo com a Nasa, a Lua pode ter muito mais água congelada, uma vez que os espectrômetros a bordo tanto da Chandrayaan-1 como da Lunar Prospector são capazes de fazer medições em profundidades menos de 1 metro.

“A imagem resultante dos dados obtidos nas missões lunares indicam que a criação, a migração, o depósito e a retenção de água continuam ocorrendo na Lua. As novas descobertas mostram que a Lua é um destino muito mais interessante e atraente dos pontos de vista científico, de exploração e operacional do que se imaginava anteriormente”, disse Paul Spudis, do Instituto Lunar e Planetário, em Houston, principal pesquisador do experimento Mini-SAR.

Os resultados serão publicados na revista Geophysical Research Letters.