sábado, 24 de janeiro de 2009

Ramo têxtil quer ampliar vendas aos árabes

Ramo têxtil quer ampliar vendas aos árabes
A indústria têxtil e de confecções do Brasil pretende ampliar sua presença no mundo árabe ainda este ano. O país já exporta itens do setor para a região, inclusive peças de estilistas renomados, mas a participação desse mercado nas vendas externas do ramo ainda é pequena em termos percentuais.
“Mercados como Dubai e Catar são bastante estratégicos para nós, pois eles valorizam produtos com valor agregado, criatividade e, além disso, a renda e o consumo per capita têm crescido por lá”, disse à ANBA o diretor-executivo do programa Texbrasil, Rafael Cervone Netto. O Texbrasil é um projeto de promoção comercial desenvolvido pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex).
O convênio entre as duas entidades será renovado em fevereiro por mais dois anos e passará a incluir um trabalho mais forte na área de moda. “A chave será a inovação e a criatividade”, declarou Netto. O programa prevê uma parceria com o Instituto Politécnico de Milão, na Itália, para assessorar as empresas no processo criativo.
O esforço em direção ao mundo árabe não inclui apenas os países do Golfo, mas também outros mercados, como o Norte da África, especialmente Tunísia, Marrocos e Egito. “A África tem uma sinergia forte com o Brasil”, afirmou Netto. No caso do Egito, por exemplo, que é um tradicional fornecedor de material têxtil ao Brasil, especialmente algodão, o executivo acredita que há potencial para aumentar as exportações brasileiras.
O diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, vai participar da missão ao Norte da África organizada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Neste sábado, uma delegação empresarial chefiada pelo ministro Miguel Jorge segue para Líbia, Argélia, Tunísia e Marrocos.
A idéia não é só vender aos mercados árabes, mas também promover parcerias que viabilizem as exportações para outros países, utilizando-os como plataforma de exportação. A Europa é um destino que pode ser atingido pelo Norte da África, já que a maior parte dos países da região tem acordos de associação com a União Européia. De acordo com Netto, a tendência de internacionalização das empresas tem crescido no setor.
Segundo o executivo, a Tunísia tem tradição de produzir roupas sob licença para grandes marcas, e o Marrocos é um bom mercado para insumos e também para confecções.
O projeto Texbrasil prepara um estudo sobre os países árabes para definir as melhores ações para a região. A princípio, de acordo com Netto, serão prospectados os mercados do Catar e de Dubai e podem ocorrer rodadas de negócios com empresas da Tunísia, Marrocos e Tunísia.
Balança
As exportações de têxteis e confecções para os países árabes somaram quase US$ 32 milhões no ano passado, com uma pequena redução de 2,7% em comparação com o ano anterior. Em 2007, porém, a receita com os embarques havia crescido 42,2% em relação a 2006. Os principais destinos em 2008 foram os Emirados Árabes Unidos, Egito, Argélia, Marrocos e Tunísia.
Na mão inversa, as importações brasileiras de têxteis do mundo árabe somaram US$ 48 milhões no passado, um crescimento de 11,5% sobre 2007. Os maiores fornecedores foram Emirados, Egito, Tunísia e Marrocos.
Para Netto, apesar da crise internacional, há espaço para ampliar o comércio, especialmente de confecções, pois o Brasil esporta principalmente matérias-primas e semimanufaturados para os árabes. “Com a crise na Europa e nos Estados Unidos, esses países estão buscando novos parceiros de longo prazo, querem uma relação comercial em que os dois lados ganhem”, disse. Nesse sentido, segundo ele, a indústria brasileira tem muito a oferecer, já que o país tem mais de 200 anos de tradição na área e domina todos os elos da cadeia têxtil.
Antes da crise, de acordo com o executivo, havia uma estimativa de que o comércio mundial de têxteis e confecções cresceria dos atuais US$ 550 bilhões por ano para US$ 800 bilhões em seis ou sete anos. Mesmo que a ampliação não seja tão significativa, Netto acredita que a expansão do mercado internacional vai ocorrer a taxas ainda bastante razoáveis. “As perspectivas são boas”, destacou.
No total, o Brasil exportou o equivalente a US$ 2,42 bilhões em produtos têxteis e confecções no ano passado, um aumento de 2,57% sobre 2007. As importações somaram US$ 3,83 bilhões, um crescimento de 27,3%. A China e outros países da Ásia foram os maiores fornecedores.
Fonte: Agência de Notícias Brasil-Árabe - 23/01/09

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