quarta-feira, 15 de abril de 2009

Exercícios para o coração

Divulgação Científica
Exercícios para o coração
15/4/2009
Agência FAPESP – Andar em uma esteira ou pedalar em uma bicicleta ergométrica por apenas meia hora por dia é o suficiente para reduzir o risco de hospitalização ou de morte de pacientes com insuficiência cardíaca, aponta estudo feito por pesquisadores norte-americanos.
A pesquisa, intitulada HF-Action, foi coordenada por Christopher O’Connor, diretor do Centro do Coração da Universidade Duke, e por David Whellan, da Universidade Thomas Jefferson, e publicada na edição de 8 de abril do Journal of the American Medical Association.
O estudo envolveu 2.331 pacientes em 82 locais nos Estados Unidos, Canadá e França, e teve um custo de US$ 32 milhões, financiado pelo Instituto Nacional de Coração, Pulmão e Sangue, um dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
Os voluntários foram divididos em dois grupos: o primeiro recebeu cuidados-padrão e o segundo, além dos cuidados, foi submetido a um programa de exercícios físicos. O programa começou sob supervisão e depois passou a ser feito pelos próprios pacientes em suas casas.
Dos participantes, 95% tomavam medicamentos como betabloqueadores e inibidores da enzima conversora de angiotensina e 45% usavam dispositivos mecânicos para ampliar a capacidade de bombeamento do coração ou para tratar arritmias. Os pacientes tinham idade média de 59 anos e dois terços eram homens.
Segundo Whellan, estudos anteriores apontaram resultados antagônicos por conta do tamanho limitado da amostragem e dos dados utilizados. “Era preciso um trabalho de maior dimensão para determinar que exercícios não apenas são seguros mas também são efetivos na redução de risco de hospitalização e de morte para pacientes com insuficiência cardíaca”, disse.
A hipótese era que um programa do tipo poderia reduzir significativamente a incidência de mortes e de hospitalização. Mas uma análise inicial baseada em protocolos clínicos-padrão verificou que os exercícios resultaram em uma redução modesta. O cenário se reverteu com uma segunda análise, que levou em conta os principais fatores clínicos ligados à hospitalização e morte.
O programa para pacientes no grupo com exercícios começou devagar e com o objetivo inicial de chegar a três sessões semanais de 30 minutos cada uma. Após 18 sessões, o programa passou dos centros médicos para as residências dos participantes, que tinham como nova meta atingir 40 minutos de esteira ou bicicleta ergométrica por dia, cinco vezes por semana. Os voluntários anotaram os tempos de exercício e frequência cardíaca.
Os integrantes do outro grupo continuaram com o tratamento que estavam recebendo, mas foram encorajados a ser mais ativos. Os membros dos dois grupos tiveram aulas sobre a importância dos exercícios físicos para a saúde e receberam telefonemas frequentes de encorajamento.
Os pesquisadores acompanharam os voluntários por em média dois anos e meio, registrando dados como episódios de hospitalização e de eventos cardíacos e taxas de morte. No período, foram hospitalizados ou morreram 796 (68%) dos pacientes no grupo de tratamento-padrão e 759 (65%) no submetido a programas de exercícios. Uma diferença pequena.
Mas, ao ajustar os resultados para características clínicas fortemente preditivas de episódios cardíacos, como histórico de fibrilação atrial, depressão, fração de ejeção do ventrículo esquerdo e capacidade inicial para a atividade física, os pesquisadores verificaram que os exercícios promoveram uma redução de 11% no risco de hospitalização ou de morte.
Também observaram que o grupo submetido a exercícios apresentou um risco 15% menor de morte por doença cardiovascular e de hospitalização devido a complicações cardíacas. Atividade segura
“Os exercícios podem promover benefícios clínicos para pacientes com insuficiência cardíaca? Essa é uma questão com a qual nos deparamos há muitos anos e que, agora, podemos responder que sim. Também sabemos agora que é seguro. Não houve diferença significativa nos dois grupos em relação a risco de ataques cardíacos, arritmias, quedas ou fraturas”, disse Whellan.
Os pesquisadores destacam ainda que os benefícios dos exercícios, no estudo, podem ter diminuído porque diversos pacientes no grupo de tratamento-padrão resolveram por conta própria iniciar atividades físicas após assistir às palestras e iniciar a pesquisa.
“Em nosso estudo, os pacientes estavam bem doentes e recebendo cuidado especial, o que torna os ganhos obtidos com o programa de exercícios ainda mais notáveis”, disse Whellan.
Os cientistas esperam que os resultados ajudem a acabar com o medo de que a atividade física seria muito arriscada para pessoas com insuficiência cardíaca. “O mais importante resultado que verificamos no estudo é que exercícios são seguros para tais pacientes e, quando ajustados para características específicas de cada um, resultam em importante melhoria clínica”, disse O’Connor.
O artigo Ancient Egyptian herbal wines, de Patrick McGovern e outros, pode ser lido em www.plosone.org.

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