Fortaleza terá mais leitos para usuários de crack
Na Capital, é acentuado o número de pessoas dependentes de crack. Usuários têm dificuldades de encontrar vagas em casas de desintoxicação, por isso muitas vezes retornam ao vício
FOTO: THIAGO GASPAR
12/1/2011
Seis unidades terapêuticas da Capital receberão investimentos mensais de R$ 16 mil para manter as vagas
Fortaleza passará a contar, nos próximos meses, com 120 vagas para tratamento de usuários de crack. Conforme foi divulgado pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad), seis comunidades terapêuticas da Capital foram contempladas, através de editais lançados no último ano, com novos leitos, os quais deverão acolher pacientes que desejarem se recuperar do vício. A expectativa é de que os equipamentos sejam inaugurados já em fevereiro. Também será ampliada, em três leitos, uma comunidade terapêutica no município de Pacatuba.
Conforme a coordenadora do Colegiado de Saúde Mental do Município, Rane Félix, os novos leitos acolherão usuários interessados por um período de até seis meses. Cada uma das seis entidades contempladas na Cidade, informa, firmará um convênio com a Secretaria de Saúde do Município, que, por sua vez, irá fiscalizar e monitorar o funcionamento das comunidades terapêuticas.
De acordo com Rane Félix, a Prefeitura não dispõe de leitos para atender a usuários durante longo período. Contudo, destaca que o Município pretende abrir 12 leitos de desintoxicação, através de parcerias com a Santa Casa de Misericórdia. Os leitos deverão atender pacientes por até 15 dias, antes que eles sejam encaminhados para as unidades terapêuticas.
Para o presidente do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas (Cepod), Herman Normando, embora o Ceará tenha recebido quantidade considerável de leitos, o número total de vagas de que o Estado dispõe ainda está longe de atender à demanda de usuários que buscam ajuda. Conforme Herman, mesmo na Capital, há um número elevado de viciados que procuram um meio de livrar-se do crack, mas não encontram vagas em unidades do gênero, o que acaba por levá-los a adquirir novamente a droga. "O vício é muito forte", acentua.
Segundo o presidente, cada comunidade terapêutica receberá, durante um ano, R$ 800,00 mensais por cada novo leito, provenientes da União. Com isso, serão repassados, a cada uma das unidades de Fortaleza, R$ 16 mil por mês. No caso da unidade de Pacatuba, serão aplicados R$ 2.400,00 mensais.
Conforme Herman, o governo do Estado dispõe de 35 leitos para atender viciados em crack, no Hospital de Messejana, e de mais 85 vagas oferecidas por quatro entidades associadas, totalizando 115 leitos.
Em todo o País, 13 estados foram contemplados pela iniciativa do Senad, sendo o Ceará a quinta unidade federativa com mais projetos aprovados. Ao todo, serão aplicados, pelo governo Federal, R$ 410 milhões com as ações previstas.
Na Capital, foram contempladas as comunidades terapêuticas Associação Ágape, Projeto Martelo de Jesus, Fazenda da Esperança, Centro Espírita Fé, Esperança e Caridade, Centro de Renovação Nova Vida. Já no município de Pacatuba, receberá investimentos o Centro de Recuperação Mão amiga.
FIQUE POR DENTRO: Combate ao CRACK
Nos últimos anos, o Estado assistiu a um crescimento vertiginoso do consumo de crack. Associada a uma quantidade elevada de crimes - que vão desde furtos a homicídios ligados a acertos de contas - a droga promove dependência rápida e acentuada degradação do estado de saúde do usuário. Por conta de seus efeitos, o crack se impõe como um desafio a ser enfrentado por autoridades de campos como Saúde, Segurança Pública, Assistência Social e Educação. Na tentativa de reverter as consequências da substância, uma série de medidas tem sido tomada em todo o País, sendo a criação de novos leitos em unidades terapêuticas apenas uma das ações que demandam vultosos investimentos.
JOÃO MOURA
ESPECIAL PARA CIDADE
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