quarta-feira, 12 de maio de 2010

Engrenagem do crédito no Ceará gira R$ 41,4 bi

Engrenagem do crédito no Ceará gira R$ 41,4 bi

O dinamismo econômico do Nordeste - cujo Produto Interno Bruto (PIB) cresce acima da média nacional - está impulsionando o mercado de crédito na região. De acordo com dados mais recentes do Banco Central (BC), no primeiro bimestre do ano, o saldo de operações na região somou R$ 294,5 bilhões - 32,4% a mais do que em igual período de 2009. No Ceará, atingiu R$ 41,418 bilhões, representando incremento de 24,7% e 76,4%, se comparado aos desempenhos de 2009 e 2008, respectivamente.

Os números referem-se à oferta de crédito para pessoas físicas e jurídicas, considerando operações realizadas por bancos e outras instituições financeiras públicas e privadas, como agências de fomento, companhias hipotecárias, cooperativas de crédito, sociedades de arrendamento mercantil e de crédito imobiliário. Ainda segundo o BC, o Nordeste lidera a expansão do crédito nos últimos cinco anos, em termos percentuais, com alta acumulada de 331,5% até o fim do ano passado.]

Pessoa Física puxa

Conforme o levantamento, o que mais cresce no Nordeste é o financiamento a pessoas físicas. No primeiro bimestre de 2004, o saldo de operações para este segmento na região somava apenas R$ 22,3 bilhões. Em igual intervalo deste ano, o montante saltou para R$ 131,9 bilhões - 491,4% de incremento. No mesmo intervalo de comparação, o saldo de operações a pessoas jurídicas saiu de R$ 46,2 bilhões para R$ 161,6 bilhões - alta de 251,4%, no entanto, sendo mais representativo que o financiamento a pessoas físicas.
Operações no Ceará

No Ceará, o saldo total de operações saiu de R$ 10,9 bilhões, no primeiro bimestre de 2004, para os atuais R$ 41,4 bilhões - alta de 279,8%.

Um desempenho puxado também pelos empréstimos a pessoas físicas, cujas operações no período cresceram nada menos do que 511,6%, saindo de R$ 2,83 bilhões, em 2004, para R$ 17,6 bilhões, no mesmo intervalo de comparação. No caso dos recursos liberados a empresas, o incremento chegou a 194,5%, passando de R$ 8,05 bilhões para 23,7 bilhões.

De acordo com o economista e professor Henrique Marinho, a expansão - verificada tanto no Ceará como no Nordeste - foi bastante expressiva, superior à média nacional, impulsionada pelas operações de pessoas físicas para financiamento de veículos, habitacionais e de todas as atividades que foram beneficiadas pelas políticas de incentivo ao consumo. "No lado das pessoas jurídicas as operações do BNDES, BB e BNB tiveram papel relevante", comenta.

Mais empregos

A explicação para este crescimento dos financiamentos à pessoa física, segundo Viana, deve-se, em parte, ao fato de o Nordeste ter gerado bons saldos de empregos formais, o que impacta na comprovação de renda, uma das exigências para a liberação de recursos por parte das instituições financeiras. "Com o aumento da renda comprovada, o trabalhador pode ingressar no sistema financeiro e, geralmente o faz, por meio da conta em banco, do cartão de crédito e do empréstimo consignado". Viana ressalta, também, a presença do crédito imobiliário, que tem encontrado condições propícias para crescer, em virtude dos programas federais de estímulo à compra da casa própria. "A lei que instituiu a alienação fiduciária deu mais segurança aos empréstimos imobiliários, já que o financiador tem a garantia do imóvel". Ele destaca que, no tocante ao crédito para pessoas jurídicas, tem crescido o nível de formalização de empresas na região.

BOLO DE RECURSOS

Participação do NE ainda é pequena

Nordeste responde por cerca de12% das operações de crédito do Brasil, mas possui 28% do total nacional
Apesar de animadores, os porcentuais de incremento do crédito ainda refletem a baixa base de comparação nordestina, em relação ao Sudeste e Sul.

Apesar de animadores, os porcentuais de incremento do crédito ainda refletem a baixa base de comparação nordestina, em relação ao Sudeste e Sul.

Segundo o economista Ênio Viana, o bolo de recursos está crescendo no Brasil como um todo. E o Nordeste tem registrado desempenho acima da média das demais regiões porque tinha uma participação muito pequena na fatia do dinheiro que era movimentado. "Estamos tirando o atraso em relação ao Sul e Sudeste", afirma.

De fato, segundo o economista Henrique Marinho, o Nordeste responde por cerca de12% das operações totais de crédito do Brasil, apesar de contar com uma população de 28% do total nacional. O Sudeste detém 57% dos financiamentos, seguido do Sul, com 18%. Já o Centro-Oeste e o Norte respondem por 9% e 3%, respectivamente.

Juros

O próximo passo do mercado financeiro no País, segundo Viana, é a migração do crédito caro para o barato. "O crédito imobiliário, por exemplo, é mais saudável do que o cartão e o cheque especial, porque os juros são menores. Quando você dimunui o risco, a operação fica mais barata", argumenta.

O economista acrescenta que o crédito imobiliário ainda representa de 3% a 4% do PIB nacional. Mas a estimativa dos analistas de mercado é de que ele chega 12% do PIB nos próximos cinco anos.

"O crédito como um todo ainda vai crescer muito no Brasil", reforça. (SC)

Fonte: Diário do Nordeste

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