quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

SOHIDRA abre vagas para estágio

SOHIDRA abre vagas para estágio

SOHIDRA
Estão abertas as inscrições para a seleção de estagiários para o ano de 2010 da Superintendência de Obras Hidráulicas. As vagas são para Engenharia Civil (7), Direito (2) e Geologia (1). Os interessados devem ter cursado no mínimo 50% do curso exigido pelo órgão e ter obtido média global ou superior a 7 (sete) e devem procurar a SOHIDRA até o dia 18 de janeiro de 2010, de 09h às 16h munidos dos seguintes documentos:

- Cópia do CPF;

- Cópia da carteira de identidade;

- Comprovante de matrícula no semestre 2010.1;

- Histórico Escolar do curso superior requerido e atualizado até o semestre de 2010.1

Mais informações, procurar Aurilene Rocha (3101-4723)

Receita Federal destrói mais de 4 mil caça-níqueis do Rio e do Espírito Santo

Receita Federal destrói mais de 4 mil caça-níqueis do Rio e do Espírito Santo
28/12 - 18:36 - iG Rio de Janeiro



ImprimirEnviarCorrigirNotícias SMSFale ConoscoA Receita Federal e a Secretaria Estadual de Segurança Pública destruirão na manhã dessa terça-feira (29) 4.018 máquinas caça-níqueis (máquinas eletrônicas para jogos de azar), com apoio da Secretaria Municipal de Obras e Conservação, da Comlurb e da Riotur.

Segundo Iasmin Kamacho, assessora da Superintendência Regional da Receita Federal (7ª RF), as máquinas foram apreendidas ao longo desse ano, nos estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, e estavam em depósitos da própria Receita.


A destruição das máquinas, que ocorrerá com a ajuda de tratores, está marcada para acontecer a partir das 10 horas, no Terreirão do Samba - Praça Onze, Centro do Rio.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Circo da Notícia

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Terça-feira, 29 de dezembro de 2009

ISSN 1519-7670 - Ano 14 - nº 569 - 29/12/2009





CONTRA A FOLHA
O inimigo da hora

Por Carlos Brickmann em 22/12/2009


Blogs, blogueiros, ativistas da internet estão mobilizados: o alvo é a Folha de S.Paulo, acusada de ter colaborado com a repressão nos tempos da ditadura militar. Há ataques pessoais ao diretor de Redação (que, na época, tinha seus dez anos de idade) e a jornalistas que lá trabalham hoje, como se fossem responsáveis por fatos ocorridos quando lá não estavam – e nem idade para isso tinham.

É um fenômeno curioso: os fatos de que o jornal é acusado são conhecidos há muito tempo, e isso não impediu boa parte dos blogueiros e ativistas anti-Folha da internet de trabalhar lá, até mesmo de ocupar altos cargos na empresa, em funções de direção. Parece que, depois que estes importantes funcionários deixaram o jornal, o passado da empresa piorou muito. Aqueles fatos que eram conhecidos mas esquecidos enquanto trabalhavam lá, de repente se tornaram intoleráveis.

Gostar da Folha ou não, gostar de seus concorrentes ou não, isso faz parte do jogo: é uma decisão tomada pelos consumidores de informação. Mas uma campanha sistemática como a que está sendo movida neste momento deve ser vista com reservas: que é que está por trás dela? A quem interessa tentar desmoralizar um jornal que, entre suas iniciativas políticas, deu firme apoio à campanha das Diretas-Já, apontou fraudes como a da licitação da Ferrovia Norte-Sul, no governo Sarney, abriu suas portas a pessoas malvistas pelo regime militar, como Oswaldo Peralva, Tarso de Castro, Samuel Wainer, Janio de Freitas?

Papel, internet, rádio, TV, twitter, há espaço para todos. Como dizia um antigo anúncio do candidato Eduardo Suplicy, acenda sua estrela, em vez de tentar apagar a dele. Que o consumidor de informação escolha o que for melhor para si.



Bola nossa

Conta-se que em Minas, há muitos anos, existia um juiz de futebol que era atleticano fanático. Fingia-se imparcial, claro. Mas um dia não aguentou. Quando a bola saiu pela lateral, logo gritou: "Bola nossa!" Ficou conhecido como "Cidinho Bola Nossa". A desistência de Aécio Neves gerou fenômeno semelhante: conforme a preferência político-partidária do analista, foi uma manobra anti-Serra, foi uma manobra pró-Serra, foi uma jogada brilhante que o deixou numa posição privilegiada, prontinho para ser convocado a ganhar as eleições.

Mas a melhor dos últimos dias foi a saída de Almir Gabriel, tucano histórico, ex-governador do Pará, do PSDB. Conforme a preferência político-partidária, lembraram ou não que foi durante seu governo que houve o massacre de Eldorado dos Carajás.



Largou o osso

Depois de sucessivas vitórias na Justiça (que, para este colunista, que de Direito só sabe que Pontes de Miranda escrevia em alemão, foram inexplicáveis, já que a Constituição veda a censura prévia), o empresário Fernando Sarney, que administra os bens de propriedade da família, desistiu de sua ação contra O Estado de S.Paulo. Fernando Sarney manteve o Estadão sob censura, impedido de divulgar as informações de que dispunha sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, há mais de cem dias. É possível que os advogados da família Sarney tenham concluído que seu ciclo de vitórias já estava encerrado; assim, ao retirar o processo, Fernando Sarney saiu de cena sem perder sequer uma batalha, exceto a da opinião pública.

Veremos agora quais informações eram tão nocivas á família Sarney que justificaram a luta de tanto tempo para mantê-las ocultas. Alô, Estadão! Está na hora de bater o pênalti!



A pauta, cadê a pauta?

Há 70 anos, em 7 de dezembro de 1939, o navio alemão Windhuk, que fazia transporte de carga e passageiros entre Europa e África, foi localizado pela Marinha britânica. Seguiu em direção ao Rio da Prata, buscando portos neutros, como os de Montevidéu ou Buenos Aires. Inútil: três cruzadores ingleses cortaram seu caminho. O encouraçado Graf Spee, orgulho da Marinha alemã, cercado pela esquadra britânica, acabara de ser afundado pelos próprios tripulantes, para não ser apresado, ao largo do porto de Montevidéu. O Windhuk atracou então em Santos, onde seus 240 tripulantes foram internados (e alguns encaminhados a campos de concentração, que poucos sabem que existiram – houve excelente reportagem de Luiz Salgado Ribeiro, há alguns anos, sobre este tema). O navio foi apreendido e, mais tarde, vendido aos Estados Unidos, onde recebeu o nome de Lejeune. Alguns tripulantes se mudaram para São Paulo e abriram um excelente restaurante alemão, até hoje um dos melhores da cidade na sua especialidade.

Pois bem: na segunda-feira (7/12), os quatro tripulantes sobreviventes do Windhuk se reuniram no restaurante, para comemorar os 70 anos da chegada ao Brasil. A história é ótima: um restaurante tradicional, velhinhos que a Marinha inglesa obrigou a ficar no Brasil, uma batalha naval, uma data redonda, um encouraçado afundado por perto. Quem cobriu a cerimônia? O portal PortoGente. Jornais locais, nem pensar. TV? Rádio? Nada. Pelo jeito, a queda de circulação dos jornais não se relaciona apenas com o preço nem com a concorrência da internet. Que tal pensar no leitor? Que é que um repórter como Ricardo Kotscho faria numa comemoração como essa?



Nem pauta, nem agenda

Na sexta-feira (18/12), o primeiro hotel cinco-estrelas de São Paulo fechou as portas: o lendário Ca´d´Oro, da família Guzzoni, especializada em hospitalidade desde que seus patriarcas viviam em Bergamo, na Itália. O Ca´d´Oro foi o primeiro hotel do país a se notabilizar também como restaurante. Era no Ca´d´Oro que o presidente Figueiredo se hospedava em suas visitas a São Paulo. O Ca´d´Oro sempre foi o ponto de encontro de grandes advogados, e ali se traçaram os rumos a seguir em inúmeras questões. Foi lá, por exemplo, que juristas uruguaios e brasileiros discutiram modificações legais, no Uruguai, que permitissem a saída de estrangeiros lá condenados e presos pela ditadura (o objetivo real era tirar das prisões uruguaias dois brasileiros: Flávia Schilling e Flávio Tavares). Foi lá que o prefeito eleito de São Paulo, Gilberto Kassab, deu sua primeira entrevista coletiva. Lá se organizaram inúmeras chapas para a disputa da presidência da Ordem dos Advogados.

Reportagens? Imagine! Ninguém estava lá para ouvir os juristas, publicitários, empresários que se despediam do famoso cozido do hotel (o tradicional bollito misto), nem para conversar com os Guzzoni sobre o futuro profissional de uma família que, só em São Paulo, tem 56 anos de hotelaria.

Nem os jornais especializados em cidade se deram conta de que, numa região central de sua terra, um grande hotel estava deixando de existir. E essa mudança trará modificações no uso da área: onde era o hotel, surgirá um amplo complexo residencial e comercial. Que tipo de efeito isso terá para a revitalização do centro paulistano?

Pois é: quando nenhuma autoridade manda a matéria semipronta, como elaborá-la?



Não sai lá, sai cá

A Constituição proíbe a censura prévia, mas sabemos que a censura existe. Que fazer? Alguns blogs, mais preocupados em informar a população do que em guardar suas matérias até que seja possível publicá-las, fizeram uma permuta das mais elogiáveis: o que não pode sair em um é encaminhado para outro. Se o outro for também proibido, um terceiro recebe a matéria. Já que o jogo é de caça, os caçados também têm o direito de se organizar, a bem do interesse público.

Os primeiros a entrar na permuta foram o Prosa e Poesia, de Adriana Vandoni, e o Blog do Pannunzio. O Blog do Pannunzio está proibido de noticiar as atividades de uma senhora junto a uma quadrilha de traficantes de trabalhadores (quem divulga, portanto, é o Prosa e Poesia). O Prosa e Poesia está sendo censurado pelo presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso, que enfrenta mais de cem ações de improbidade - logo, as notícias vão para o Blog do Pannunzio.

Questão de criatividade. Nos Estados Unidos, o mesmo aconteceu com os "Papéis do Pentágono". À medida que um jornal era proibido de publicá-los, o material ia para outros. E tudo acabou saindo, para desmoralização da censura.



A cachaça é nossa

Lembra da nota sobre a cachaça "A Corinthiana", publicada na semana passada? A pinga é fabricada pelo alambique do publicitário e jornalista Chico Santa Rita, dono da marca "Dona Carolina", mas quem distribui parte da produção, com a marca "A Corinthiana", são os empresários Renato Serrano e Caximbo Curioletti, da Case Sports. Inteligentes: uma boa cachaça, como a "Dona Carolina", com uma marca que atrai a maior parte do público, como "A Corinthiana", tem que dar certo.



Livro de graça (e é bom)

O excelente repórter Cláudio Tognolli (que também é roqueiro – ou o roqueiro Cláudio Tognolli, que também é um excelente repórter) está lançando seu sexto livro: Balenciaga Torres e os Corações Pelludos. Há o livro, com suas 500 páginas, algo como 52 fotos, e 25 músicas especialmente compostas para ele, por autores como Lobão, Paulo Ricardo, o próprio Tognolli. E é tudo de graça: é só baixar o livro aqui. A Editora do Bispo é aquela de Pinky Wainer.



Como...

Saiu num jornal grande, de circulação nacional:

** "Procurada, a Air France não foi encontrada para se manifestar sobre a decisão."

Onde será que a Air France andava se escondendo?



...é...

De uma prestigiada coluna esportiva da internet:

** "Grêmio e Palmeiras podem fazer troca-troca de zagueiros!!!"

De outra coluna esportiva, discutindo o mesmo tema:

** "Troca-troca entre Verdão e Grêmio está perto de sair"

Espera-se, no mínimo, que seja algo discreto. O público não aceitaria.



...mesmo?

É pendular: ora o bêbado da esquina suspeita de alguém e os jornais já passam a chamar o coitado de ladrão, mesmo que ele não tenha tentado roubar nada, ora o cavalheiro está sujeito a todas as ressalvas. Da internet:

** "SP: suposto ladrão é encontrado pendurado em grade de casa"

O "suposto assaltante" foi preso quando tentava pular o portão de uma casa que não era a dele, em Salto, SP, e ficou pendurado na grade. Que mais poderia o suposto suposto estar fazendo no suposto lugar?



E eu com isso?

Frufru é cultura. Este caso narrado abaixo, por exemplo, trata de uma questão da qual este colunista jamais ouvira falar. Tudo bem, sempre houve comentários sobre ninfomaníacas, tarados, taradas, o pessoal do cinto frouxo. Mas a Síndrome de Excitação Sexual Persistente faz com que a moça atingida não possa sentar-se no ônibus, nem curvar-se, nem andar em paz. E o pior é que não aguentar esperar muito.

** "Americana sofre acidente e fica com desejo sexual `incontrolável´"

Veja como os costumes são diferentes de um país para outro:

** "Família americana adota `bambi´ como animal de estimação"

Todo mundo acha notável, por lá, que o veado saiba subir escadas, durma com o casal, coma espaguete e tome sorvete. Mas deve causar algum problema com as fronhas.

** "Ana Maria Braga e Marcelo Frisoni são clicados juntos"

Para isso, precisaram separar-se! E continuam separados: como salienta a reportagem, cada um foi embora em seu próprio carro.

E temos o frufru propriamente dito, para turbinar a conversa no intervalo das novelas:

** "Lady Gaga se abaixa, mostra o bumbum e um furo na meia-calça"

** "Dado Dolabella comemora nascimento do filho fumando charuto"

** "Luana Piovani circula de cabelo molhado em aeroporto no Rio"

** "Solange Frazão ensina série para ficar com a barriga chapada"

** "Bêbada mostra os seios para carros e é atropelada"

** "Susana Vieira deixa seio à mostra em festa paulistana"

** "`Estou morando dentro do avião´, diz Jesus Luz em festa"

** "Homem chega em casa e encontra invasor dormindo só de cueca"

O invasor fugiu mas foi preso. A notícia não esclarece dois itens importantes: primeiro, se o dono da casa era ou não casado. Segundo, se o invasor, por acaso, não teria o nome de "Ricardão".



O grande título

Esta é uma semana muito rica em bons títulos, apesar da pobreza do noticiário. Comecemos com a área política: o governador mineiro Aécio Neves desistiu de se candidatar à presidência da República pelo PSDB, deixando como único pretendente o governador paulista José Serra, que resiste a apresentar-se como candidato.

Título drummondiano e impecável do Estado de Minas:

** "E agora, José?"

Temos um daqueles títulos que permitem todo tipo de duplo sentido:

** "Pai mostra `Pequeno Hulk´ em shopping"

E um daqueles que nascem aleatoriamente, de um erro, e acabam ficando engraçados:

** "Dilma erra e afirma que meio ambiente é ameaça ao desenvolvimento sustentável"

Imagine, Dilma erra! Basta olhar para ela: está convencida de que nunca errou.



DDP

Dias e dias parado. Esta coluna é a última do ano. Voltamos em 12 de janeiro. Boas Festas!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Ronaldo e Zidane jogam juntos em Lisboa

Reportagens


Nova York, 16/12/2009
Ronaldo e Zidane jogam juntos em Lisboa
Jogo contra a Pobreza acontece no estádio da Luz em 25 de janeiro de 2010; pela primeira vez astros do futebol estarão na mesma equipe



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22 mil vão a jogo de Ronaldo e Zidane



da PrimaPagina

Acontece em 25 de janeiro de 2010 mais um Jogo contra a Pobreza, partida promovida pelos astros do futebol Ronaldo Nazário (Brasil) e Zinedine Zidane (França).

Pela primeira vez em sete edições, os dois atletas estarão no mesmo time. A partida, que acontece no estádio da Luz, em Lisboa, será entre a equipe dos dois embaixadores da boa vontade pelo PNUD e o time português Benfica. Em 2008, o jogo aconteceu no Marrocos. Foi a primeira vez que a partida ocorreu fora da Europa.

O objetivo do Jogo contra a Pobreza é chamar a atenção para a necessidade do trabalho em conjunto na erradicação da pobreza no mundo e para o cumprimento dos ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio) — série de metas socioeconômicas que os países da ONU se comprometeram a cumprir até 2015. Para a administradora internacional do PNUD, Helen Clark, o jogo deste ano tem uma importância especial, pois acontece apenas cinco anos antes do prazo fixado para o cumprimento das metas.

“Ninguém é espectador na luta para acabar com a pobreza. Somente trabalhando juntos, no mesmo time, vamos alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio”, diz Ronaldo. Zidane concorda com o colega: “Nós precisamos alcançar as oito metas através do comprometimento, força de vontade e trabalho em equipe”, afirma o jogador, que aposentou as chuteiras em 2006, mas continua participando dos jogos contra a pobreza.

O dinheiro arrecadado com os ingressos desta sétima edição será dividido em dois: metade vai para a Fundação Sport Lisboa e Benfica, que realiza projetos de desenvolvimento na África lusófona, e a outra metade para ações do PNUD.




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12ª Escola de Verão de Geofísica

Agenda
12ª Escola de Verão de Geofísica
28/12/2009

De 1/2/2010 a 12/2/2010

Faltam 35 dias para o início do evento. Duração: 12 dias

Agência FAPESP – O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo realizará, entre os dias 1º e 12 de fevereiro, a 12ª Escola de Verão de Geofísica.

A escola engloba três grandes eventos. Dois cursos de extensão universitária e outro que envolverá duas disciplinas de pós-graduação.

As atividades para as disciplinas “Aquisição, modelagem e inversão de dados geoelétricos aplicados à exploração dos recursos naturais” e “Técnicas para reconstrução paleogeográfica”, da pós-graduação, começarão no dia 1º e vão até dia 5 de fevereiro.

Já os cursos de extensão universitária “Interpretação estrutural de dobras e falhas em ambientes compressivos e distensivos” e “GMT: gráficos, mapas e análises de dados” iniciam-se no dia 8 e vão até o dia 12.

A taxa de inscrição é de R$ 40 para alunos de graduação e R$ 80 para estudantes de pós-graduação e professores.

Para se inscrever, os interessados devem entregar a ficha de inscrição preenchida na secretaria do Departamento de Geofísica ou enviá-la pelo correio. O prazo para inscrição se encerra em 22 de janeiro.

O evento será realizado no IAG, localizado na Rua do Matão, 1.226, Cidade Universitária, na capital paulista.

Mais informações: www.iag.usp.br/geofisica/verao/verao.html ou pelo telefone (11) 3091 - 4760

Em busca da nova mineração

Especiais
Em busca da nova mineração
28/12/2009

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – A FAPESP e a Vale S.A. assinaram, na última quarta-feira (23/12), um acordo de cooperação para apoiar a pesquisa científica, tecnológica ou de inovação em áreas como mineração, energia, biodiversidade e produtos ferrosos para siderurgia.

A cerimônia de assinatura do acordo ocorreu na sede da FAPESP, em São Paulo, com a participação do vice-governador de São Paulo, Alberto Goldman, do presidente da Vale, Roger Agnelli, do diretor do Instituto Tecnológico Vale (ITV), Luiz Eugênio Mello, do presidente da FAPESP, Celso Lafer, do diretor científico da Fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, e do deputado federal Arnaldo Jardim.

O acordo prevê investimentos de até R$ 40 milhões, metade de cada instituição. As áreas de pesquisa contempladas vão desde o campo da mineração –, atividade fundamental da empresa –, até áreas como ecoeficiência, biodiversidade, geotecnia, busca de novas rotas de biocombustíveis e melhoria da eficiência energética.

Segundo o presidente da Vale, o acordo com a FAPESP – feito nos moldes de parcerias semelhantes assinadas recentemente com as fundações estaduais de amparo à pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e do Pará (Fapespa) –, insere-se na nova estratégia de pesquisa e desenvolvimento da empresa, que tem como eixo central a criação do ITV.

“As atividades do ITV já estão em curso e temos vários projetos em andamento. A ideia, com essas parcerias, é acelerar esses projetos o máximo que pudermos. O que queremos com o acordo assinado hoje é aproveitar a expertise dos cientistas de São Paulo para dar mais velocidade e um pouco mais de objetividade em alguns processos e rotas de produção interessantes para a empresa”, disse Agnelli à Agência FAPESP.

A Vale é a maior empresa privada do país e a segunda maior mineradora do mundo. Segundo Agnelli, o objetivo estratégico por trás dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento – que chegaram a US$ 1,13 bilhão em 2008 – é transformar a empresa, nos próximos anos, na maior e melhor mineradora do mundo.

“Mas ser a melhor mineradora não significa apenas dominar processos de produção. Nesse aspecto, a Vale já está na linha de frente mundialmente. Ser a melhor mineradora significa ser capaz de fazer uma mineração que se adapte às reais condições do planeta, que a sociedade está exigindo. Para isso temos que desenvolver novas tecnologias para acompanhar as mudanças do mundo, repensando processos produtivos e cuidando do meio ambiente”, afirmou Agnelli.

A área de energia, nesse contexto, é uma prioridade, já que a empresa é responsável por 4,5% de toda a energia consumida no país. Segundo Agnelli, considerando os novos projetos de expansão, a empresa deverá ainda dobrar seu consumo de energia em um futuro próximo.

“Por isso criamos, em 2008, a Vale Soluções em Energia e o ITV, que reúne todos os nossos centros de pesquisa. Precisamos da pesquisa científica e tecnológica para limpar a matriz energética da empresa e reduzir o consumo, além de criar novos processos. Queremos uma nova mineração”, afirmou.

Para o presidente da FAPESP, Celso Lafer, uma das virtudes do convênio é que ele estimula um trabalho em rede com outras fundações de amparo à pesquisa.

“Isso é muito importante. Além da busca pela internacionalização, a FAPESP quer aumentar a interação entre pesquisadores de São Paulo e de outros Estados. Tenho certeza de que o acordo trará contribuições importantes para o conhecimento. E a Vale sabe que, sem o conhecimento, não há possibilidade de competitividade”, destacou.

“Na mudança da Constituição Paulista, a participação da FAPESP passou de 0,5% para 1% porque ela ganhou responsabilidade na área de desenvolvimento tecnológico. E é por isso que também temos procurado trabalhar parcerias e interações com o setor privado. Por isso, temos feito uma série de parcerias com empresas privadas, voltadas para ampliar o volume de recursos destinados ao apoio à pesquisa”, disse.

Segundo Luiz Eugênio Mello, a Vale descentralizou suas atividades de pesquisa, no início da década de 1990, em várias unidades no Brasil e no exterior. Mas há cerca de três anos a empresa percebeu a necessidade de uma nova centralização, capaz de criar uma sinergia entre as diversas unidades.

“O ITV avança, sobretudo a partir deste ano, para se constituir também como uma interface com o setor acadêmico. Por maior que seja a área de pesquisa em uma empresa, ela jamais será tão grande como a competência instalada fora dela. A Vale até agora não buscava interação com as agências de fomento como a FAPESP. Agora trouxemos para dentro da empresa essa perspectiva acadêmica”, disse.

Mello lembrou que o Brasil é um dos únicos países com grandes economias no qual o setor público ainda investe mais em ciência e tecnologia do que o setor privado. “Essa iniciativa da Vale busca modificar esse panorama. E uma empresa desse porte espera, com isso, servir de modelo para outras empresas. Uma das inovações importantes desse convênio é estimular a ação em redes entre várias fundações de amparo à pesquisa”, afirmou.


Contribuição paulista

Brito Cruz destacou que o acordo representa uma associação entre a capacidade tecnológica e científica do Estado de São Paulo com aplicações relevantes para uma empresa de grande importância nacional.

“Mais da metade da ciência brasileira é produzida em São Paulo, onde há cerca de 30% dos cientistas do país. Isso significa que temos uma operação científica de grande importância, que gera inúmeras possibilidades de cooperação com empresas de grande porte que enfrentam grandes desafios tecnológicos”, disse.

Segundo ele, para a FAPESP é importante equilibrar as três atividades essenciais à Fundação: apoio à formação de recursos humanos, apoio à pesquisa acadêmica e apoio à pesquisa com vistas à aplicação. Nessa última, insere-se o acordo com a Vale.

“Esse acordo é especialmente importante para nós porque, face aos grandes desafios no âmbito da ciência e tecnologia brasileira e paulista, ele induz a intensificação da atividade de pesquisa no mundo empresarial. O Brasil é muito forte na pesquisa acadêmica, mas fraco na pesquisa empresarial. Mas a Vale tem um grande esforço interno de pesquisa e desenvolvimento que possibilita colaborações com universidades de uma maneira eficaz”, disse.

De acordo com Arnaldo Jardim, o acordo sinaliza que a pesquisa e a ciência estão sendo tratadas como prioridades no Estado de São Paulo. “A FAPESP é sem dúvida um espaço de convergência para as iniciativas do governo e da sociedade no sentido de fazer avançar o conhecimento”, disse o deputado federal.

Alberto Goldman afirmou que as características do acordo permitem o avanço do conhecimento aplicado, necessário à empresa, mas também contribuirá com a ciência básica. “A FAPESP está cumprindo seu papel de forma brilhante, pois o acordo trará certamente benefícios à empresa, mas também alavancará o nosso conhecimento”, disse.

O vice-governador observou que, embora a Vale não tenha áreas de produção em São Paulo, a excelência do sistema de ciência e tecnologia paulista poderá contribuir de forma contundente com o avanço do conhecimento na área de mineração, para a empresa e, especialmente, para o país.

“Em São Paulo não temos grandes jazidas de minerais, mas temos importantes recursos humanos e infraestrutura de pesquisa. O fato de disponibilizarmos recursos para trazer uma contribuição não apenas para São Paulo, mas para todo o Brasil, é algo que nos enche de orgulho”, afirmou.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Aquecimento amplificado

Divulgação Científica
Aquecimento amplificado
21/12/2009

Agência FAPESP – Mudanças lentas no cenário terrestre, como o derretimento de massas de gelo, ampliam o aquecimento promovido pela emissão de gases de efeito estufa. A conclusão é de uma pesquisa publicada neste domingo (20/12) na revista Nature Geoscience, logo após a 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15).

O estudo investigou um outro período de aquecimento global, ocorrido há cerca de 4,5 milhões de anos. Segundo o trabalho, uma pequena elevação nos níveis de dióxido de carbono atmosférico esteve associada com um aquecimento global substancial durante o Plioceno Inferior.

O estudo destaca que a sensibilidade da temperatura da Terra a aumentos nos níveis de dióxido de carbono é maior do que as estimativas feitas por modelos climáticos que incluíam apenas mudanças mais rápidas.

O dióxido de carbono e outros gases estufa acumulam o calor na atmosfera, promovendo o aumento nas temperaturas atmosféricas e na superfície dos oceanos. Respostas relativamente rápidas ao processo incluem alterações nos níveis e no comportamento do vapor de água atmosférico, das nuvens e do gelo marinho.

Ana Christina Ravelo, professora de ciências oceânicas na Universidade da Califórnia em Santa Cruz, nos Estados Unidos, um dos autores do estudo, destaca que essas alterações de curto prazo provavelmente disparam mudanças de longo prazo em outros pontos, como na extensão dos mantos de gelo continentais, na cobertura vegetal e na circulação oceânica profunda, que levam a um aquecimento global adicional.

“A implicação é que esses componentes mais lentos no sistema terrestre, uma vez que têm tempo de se alterar e de se equilibrar, podem amplificar os efeitos de alterações pequenas na composição de gases estufa na atmosfera”, disse.

Os pesquisadores usaram amostras obtidas a partir de perfurações no fundo do mar em seis diferentes locais pelo mundo para reconstruir os níveis de dióxido de carbono nos últimos cinco milhões de anos no planeta.

Eles verificaram que durante o Plioceno Inferior e Médio (de 5 milhões a 3 milhões de anos atrás), quando as temperaturas médias globais estavam de 2º C a 3º C acima das atuais, a concentração de dióxido de carbono na atmosfera era semelhante aos níveis atuais, ou 30% maior do que os valores pré-industriais.

“Uma vez que não há indicação de que o futuro se comportará de modo diferente do passado, podemos esperar alguns graus a mais de aquecimento mesmo se mantivermos as concentrações de dióxido de carbono nos níveis atuais”, alertou Mark Pagani, professor de geologia e geofísica na Universidade Yale e outro autor do estudo.

O artigo High Earth-system climate sensitivity determined from Pliocene carbon dioxide concentrations, de Ana Christina Ravelo e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com/naturegeoscience (DOI: 10.1038).

Questão de pobreza

Entrevistas
Questão de pobreza
21/12/2009

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – As mudanças climáticas são um fenômeno global, mas seus impactos sobre a saúde humana deverão ser muito maiores nas regiões mais pobres do mundo, de acordo com a norte-americana Kristie Ebi, diretora executiva do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Para a cientista, responsável pelo capítulo sobre saúde humana do quarto relatório do IPCC, o aquecimento global deverá expandir as áreas de alcance dos problemas que causam a maior parte das mortes infantis no mundo: desnutrição, malária e diarreia. Os impactos da mudança climática sobre a saúde estariam fortemente vinculados à pobreza, aponta.

Da mesma maneira que faltam recursos para pesquisas sobre as chamadas doenças negligenciadas – que serão especialmente exacerbadas pela mudança do clima –, segundo ela faltam também recursos para a pesquisa sobre o impacto do aquecimento global sobre a saúde.

Epidemiologista por formação, Kris, como é mais conhecida, já publicou mais de 80 artigos científicos, ao longo de 25 anos de experiência multidisciplinar em questões ambientais. Nos últimos 12 anos vem coordenando estudos sobre os impactos das mudanças climáticas sobre a saúde humana.

A cientista – que hoje vive em Alexandria, nas proximidades de Washington, nos Estados Unidos, onde é consultora independente sobre mudanças climáticas – participou, em novembro, do encontro internacional “Impacto, adaptação e vulnerabilidades nas mudanças climáticas globais”, promovido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Kris também é autora do livro Integração entre Saúde Pública e adaptação à mudança climática: lições aprendidas e novas direções e é uma das coordenadoras da publicação Métodos de avaliação da vulnerabilidade da saúde humana e adaptação da saúde pública à mudança climática, da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Agência FAPESP – Quais são as particularidades dos impactos das mudanças climáticas sobre a saúde nos países em desenvolvimento?
Kris Ebi – Os países em desenvolvimento são a principal preocupação em relação à mudança climática e saúde. A maior parte dos impactos que temos previsto será causado pela desnutrição, pela malária e por doenças diarreicas – problemas concentrados nesses países. Hoje, esses três fatores estão entre as principais causas de mortalidade infantil no mundo. Cerca de 85% dos impactos das mudanças climáticas atingem crianças de até cinco anos. Nessas regiões, a capacidade para lidar com esses problemas já é muito limitada. Os estudos sugerem que essas doenças serão uma questão a mais para enfrentar. A má nutrição, especialmente, é um problema crucial para esses países. E as mudanças climáticas, com certeza, poderão exacerbá-lo.

Agência FAPESP – Então os problemas são os mesmos que já existem e o principal impacto é que a situação ainda vai piorar?
Kris Ebi – Pode piorar a ponto de fugir completamente do controle. Muitos modelos climáticos sugerem que haverá uma mudança na duração das estações – como a primavera chegando mais cedo, por exemplo – causando impacto na temperatura. Mais gente será atingida por esses problemas, já graves e certamente ficará mais difícil lidar com eles. Em geral, conforme diminui a latitude, aumenta o número de mortes infantis. Todo ano temos cerca de 2 milhões de crianças mortas por diarreia e 1 milhão por malária. Os estudos também indicam possibilidade de agravamento de casos de cólera, meningite meningocócica, dengue hemorrágica, doença de Chagas, febre amarela, encenfalite, leishmaniose e vírus do Nilo ocidental.

Agência FAPESP – As áreas em que essas doenças têm maior impacto vão se expandir?
Kris Ebi – As áreas onde vemos esses problemas poderão se expandir, aumentando o alcance regional de doenças como a malária. Assim como poderão se expandir as áreas nas quais estão os vetores (os mosquitos). Já há evidências desses impactos: além da distribuição alterada de vetores, temos uma distribuição sazonal alterada de algumas espécies polinizadoras e um risco maior de mortes por ondas de calor.

Agência FAPESP – Como esse aumento do alcance regional mudará o cenário para a malária?
Kris Ebi – A principal preocupação em relação à malária é a África, onde ocorre a maior parte dos casos. Com temperaturas mais altas e com mudanças nos padrões de precipitação, o mosquito anófeles, que é o vetor que transmite a doença, poderá começar a aparecer em terras mais altas, por exemplo, em que há grandes concentrações de população. Com isso, mais gente vai ficar exposta à doença.

Agência FAPESP – Vários dos impactos sobre a saúde que a senhora mencionou correspondem à exacerbação de doenças negligenciadas. Há uma correlação entre esses impactos e a baixa renda?
Kris Ebi – Sim, o problema do impacto na saúde coincide basicamente com o problema da pobreza. A desnutrição está ligada a cerca de 50% dos 10,5 milhões de crianças mortas todos os anos. A mudança climática vai exacerbar esse problema, já que a elevação da temperatura deverá interferir na disponibilidade de recursos naturais como corpos d’água, condições do solo e umidade. Hoje, em todo o mundo, 12% da mortalidade infantil se deve às doenças diarreicas, que matam cerca de 5 mil crianças todos os dias. Em vários países de baixa renda, até 26% da mortalidade infantil se deve à diarreia. Sabemos que 88% da diarreia infantil é atribuída à água contaminada, condições sanitárias inadequadas e higiene precária. Com acesso ainda mais restrito à água, é evidente que isso irá se agravar.

Agência FAPESP – Esses problemas também trarão reflexos econômicos para essas regiões já empobrecidas?
Kris Ebi – Avaliamos que em um cenário de 750 partes por milhão de dióxido de carbono na atmosfera em 2030 – um cenário péssimo –, o custo para tratar as doenças relacionadas ao impacto das mudanças climáticas na saúde aumentaria justamente com o crescimento dos problemas. Nesse cenário a diarreia cresceria 3%, a desnutrição 10% e a malária 5%.

Agência FAPESP – Até que ponto é possível prever a magnitude desses impactos, para saber, por exemplo, quantas pessoas a mais serão atingidas? Parece haver infinitas variáveis. Como fazer previsões precisas?
Kris Ebi – Trabalhamos com um sistema composto por modelos muito complexos e existe gente trabalhando intensamente, em várias áreas, para desenvolver novos modelos que nos permitam entender melhor esses impactos sobre a saúde. O que estamos fazendo agora é fundamentalmente tratar de manter a pesquisa constante.

Agência FAPESP – Há prognósticos sobre adaptação às mudanças climáticas em relação aos impactos na saúde?
Kris Ebi – A adaptação à mudança climática não é exatamente um problema a ser resolvido, mas um processo a ser gerenciado. A resposta a esses impactos envolve um processo interativo de gestão do risco que inclui tanto a mitigação como a adaptação. No caso da saúde, a adaptação inclui a redução da exposição ao risco – com políticas legislativas e alteração nas construções ou no ambiente natural. Inclui também a prevenção de fatores adversos, com sistemas de alerta preventivo, monitoramento e vigilância, programas de controle de vetores e educação pública e divulgação.

Agência FAPESP – Em sua opinião, o IPCC e a comunidade científica em geral estão dando a importância necessária aos impactos sobre a saúde no mundo em desenvolvimento?
Kris Ebi – Sim, os impactos sobre a saúde são de fato uma verdadeira preocupação. Em 2008, a Organização Mundial da Saúde quis concentrar seus esforços em uma questão em particular e escolheu como foco os efeitos adversos das mudanças climáticas sobre a saúde. A partir daí, foi estabelecida uma agenda de pesquisas que estimulou os estudos na área. O IPCC, sem dúvida, trata a questão com toda a atenção. O grande problema é que, de modo geral, essa ainda não é uma área considerada como prioritária para os investimentos em pesquisa. Isso está mudando, o que é uma notícia muito boa. Mas ainda não temos fundos suficientes e o número de gente trabalhando nisso ainda não é compatível com a magnitude do problema.

Agência FAPESP – E quanto à pesquisa que está sendo feita? Já há uma massa crítica de estudos ou estamos em fase muito inicial?
Kris Ebi – A principal preocupação em relação às mudanças climáticas e saúde, como eu já disse, corresponde às regiões do mundo onde se concentra a população de baixa renda. A pesquisa tem sido conduzida por cientistas de países desenvolvidos e, nos últimos anos, tem havido um aumento também dos estudos feitos por pesquisadores dos países em desenvolvimento. Mas esses estudos ainda não são efetivos porque há muito a fazer. Precisamos de mais gente. A pesquisa sendo feita hoje é, sem dúvida, muito boa em termos de qualidade. Mas precisa ser expandida.

Agência FAPESP – Quais são os principais desafios nessa área de pesquisa?
Kris Ebi – Um deles já foi mencionado: a escassez de recursos. A falta de financiamento deixa as coisas difíceis, porque os pesquisadores precisam de investimento em seus estudos de pós-graduação. Precisamos também de dinheiro para montar estruturas computacionais capazes de fazer os modelos funcionarem melhor. Fundamentalmente, temos que atrair jovens dispostos a focar seus estudos e sua vida nessa área. Isso é um desafio considerável. Precisamos mudar o cenário atual, para que as pesquisas sejam levadas de fato às fronteiras do conhecimento. Temos que entender os impactos do clima na saúde em pouco tempo. Isso é crucial, não temos muito tempo para tentar reduzir esses impactos.

Transnordestina terá conclusão só em 2013

Transnordestina terá conclusão só em 2013

A ferrovia Transnordestina, inicialmente prevista para o fim de 2010, só deverá ficar pronta em abril de 2012. Mesmo assim, não será totalmente concluída. Apenas o trecho entre Eliseu Martins (PI) e o porto de Suape (PE) sairá do papel. A outra parte, entre Missão Velha (CE) e o porto de Pecém (CE), ficou para 2013.

Embora no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a obra esteja classificada como de andamento "adequado´´ (selo verde) e a previsão de conclusão do empreendimento (1.728 km de novos trilhos e 550 km de remodelação) seja setembro de 2011, não será possível cumprir o cronograma previsto.

O contrato assinado entre a CSN (concessionária da malha ferroviária do Nordeste) e a Odebrecht prevê que as obras feitas no trecho entre Eliseu Martins e Suape durem 30 meses. Quanto ao restante da obra (Missão Velha - Pecém), não há previsão oficial, mas o governo não trabalha com a hipótese de ter a ferrovia pronta antes de 2013.

A Transnordestina vem enfrentando vários tipos de problema para sair do papel - desde uma intrincada modelagem financeira que envolve principalmente recursos públicos (87,5% dos R$ 5,4 bilhões previstos) até atrasos no cronograma de licenciamento ambiental e de desapropriações. Os constantes atrasos irritaram a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e levaram a desentendimentos com o ex-secretário-executivo do Ministério da Integração, Luiz Antonio Eira, que pediu demissão em junho, após uma discussão com Dilma. Depois do episódio, a ministra disse que "nem morta´´ deixaria de fazer a ferrovia. A Transnordestina é considerada um projeto prioritário desde o início do governo Lula e já teve a conclusão de sua primeira fase prevista até para 2007, mas sempre sofreu atrasos recorrentes.

Na visão do governo, é considerada importante para incrementar a atividade econômica em vários locais, como o plantio de frutas no Vale do São Francisco e a produção de álcool no Maranhão e no Piauí. Também é vista como fundamental para incentivar a produção de soja no sul do Piauí e no oeste da Bahia. Os grãos seriam escoados para o mercado externo via portos de Suape e Pecém. Os cálculos do governo indicam um potencial de 30 milhões de toneladas de soja, milho e algodão sendo exportadas por esses locais.

Necessidade de obras

O País precisará de R$ 54,5 bilhões em obras ferroviárias até 2025, de acordo com pesquisa feita pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). A maior parte dos recursos (R$ 39,7 bilhões) deverá ser aplicada na construção de novos trechos. O restante, dividido entre duplicação, recuperação e eliminação de gargalos.

Com base nos dados da pesquisa, a CNT avaliou que a rede ferroviária do país precisa aumentar dos atuais 29.817 km para 40.827 km. Transnordestina, Oeste-Leste e Norte-Sul, seria necessário construir a Litorânea Sul (ES), trechos entre Alto Araguaia (MT) e Rondonópolis (MT) e Inocência (MS) e Águas Claras (MS), e ampliar a malha em Santa Catarina.


Fonte: Diário do Nordeste - 18/12/09

Flores do Ceará para o mundo

Flores do Ceará para o mundo
O Ceará vive situação pitoresca no setor de flores e plantas ornamentais. O Estado se tornou o segundo maior exportador do País - só perde para São Paulo - mas apanha em casa. E para os paulistas. De cada 10 flores vendidas hoje em Fortaleza, somente duas são produzidas aqui mesmo. Enquanto isso, o Ceará vende para a Holanda (mais de 60% das exportações) e EUA (mais de 30%). Existem hoje mais de 200 produtores de flores em território cearense. Os principais polos produtores de flores são Ibiapaba, Baturité, Região Metropolitana e o Cariri.

O presidente da Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais, Gilson Gondim, diz que o Ceará tem um bom consumo de plantas para paisagismo, mas produz muito pouco deste item. Compra de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Pará. Gilson reclama que as plantas vêm em caminhões, normalmente descumprindo normas fitossanitárias. "Temos todas as condições de produzir essas plantas aqui e no curto prazo acabar essa dependência".

O Ceará pena pelo fraco consumo interno e a falta de mão-de-obra especializada. A Câmara e a Faec-Senar começam em janeiro cursos de formação para a área. Aliás, pesou a força do setor na inclusão de uma disciplina sobre floricultura no Curso de Agronomia da UFC.

Setor lança consórcio


O setor de flores e plantas ornamentais do Ceará lançará até fevereiro de 2010 o primeiro consórcio de produtores do Brasil voltado à exportação. Na última quinzena de novembro a Câmara Setorial de Flores e Plantas Ornamentais da e o Ministério da Agricultura assinaram convênio para implantação do projeto piloto que servirá de modelo a outros estados brasileiros. A meta é fazer as exportações crescerem pelo menos 15% em 2010. O consórcio pretende exportar US$ 2 milhões por ano para o mercado internacional e também para o Sudeste brasileiro - maior mercado consumidor de flores do País.

Fonte: O Povo (Vertical S/A) - 18/12/09

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

MÍDIA & PRECONCEITO
O racismo que é só um branco na cabeça

Por Carlos Brickmann em 15/12/2009


O Flamengo ganhou o título, tendo no comando o grande Andrade. Imediatamente começou o noticiário vagamente ideológico sobre como os negros, embora sempre se destacassem no futebol, nunca chegaram a ser técnicos. Depois a coisa se sofisticou um pouco: admitiu-se a existência anterior de técnicos afrodescendentes e Andrade passou a ser apenas o primeiro negro a ganhar o título brasileiro. Pesquisa? Isso não, que dá trabalho.

É certo dizer que, no universo dos técnicos brasileiros, poucos são negros ou mulatos. Mas é falha de memória esquecer que Didi, por exemplo, foi técnico da seleção peruana; que Oto Glória, depois de vitoriosa carreira no Brasil, foi técnico da seleção portuguesa (aquela que nos eliminou da Copa de 1966); que Gentil Cardoso, o Moço Preto, cansou de ser campeão carioca numa época em que praticamente só havia torneios regionais no país (e chegou a dirigir a seleção brasileira por alguns jogos). Baltazar, o Cabecinha de Ouro, foi técnico; Serginho Chulapa é técnico; Zizinho e Coutinho foram técnicos de grandes clubes. Lula Pereira faz sucesso, especialmente no Nordeste. Cilinho, que montou excelentes times, é mulato; Bauer, O Monstro do Maracanã, era mulato, filho de suíça e africano; e mulato clarinho, mas longe de ser sueco, é Vanderlei Luxemburgo, que ganhou títulos brasileiros bem antes de Andrade (aliás, os dois jogavam no mesmo time, na década de 1980, época em que Vanderlei era Wanderley e ficava na reserva de Junior).

Foi Gentil Cardoso o autor de uma frase fantástica, válida no futebol e na vida: "Quem se desloca recebe, quem pede tem preferência." É dele também um pedido clássico, ao assumir a direção do Fluminense, em 1946: "Se me derem o Ademir eu lhes darei o campeonato." Deram-lhe Ademir Queixada, o grande ponta de lança, e o Fluminense ganhou o campeonato.

Racismo havia, e há: o número de técnicos negros é muito menor que o de brancos. Racismo já houve em maior intensidade: em 1960, Gentil Cardoso foi o primeiro negro a ser contratado por um clube que não aceitava negros, o Náutico do Recife. O que não há é, como se cansou de salientar o noticiário, a ausência total de negros em cargos de comando. Não são muitos, quando muitos teriam condições de exercê-los; mas existem e não é de hoje.



Força estranha

É interessante assistir ao futebol, hoje, e ver um negrão defendendo a seleção inglesa (como era fantástico ver Rudy Gullit na seleção holandesa). No Brasil, a presença do negro no futebol já foi muito contestada, e não faz tanto tempo assim. Friendereich, mulato de olhos verdes, não teve problemas; mas times como o Santos e o Palmeiras, por exemplo, demoraram a desistir das restrições raciais. O Santos, com seus uniformes brancos e jogadores brancos, chegou a ser conhecido como "As Melindrosas". No Palmeiras, fundado em 1914 com o nome de Palestra Itália, o primeiro negro foi Og Moreira, um craque, o regente do time, contratado em 1942. Depois viria o fantástico lateral Djalma Santos, já no fim da década de 1950; e só então se abririam de vez as portas do clube. Os três times do Recife rejeitaram negros até a década de 1960 (e o próprio técnico Gentil Cardoso só foi contratado pelo Náutico porque o presidente tinha dado plenos poderes aos diretores de futebol, e quando soube do caso e quis voltar atrás não havia mais jeito). Na seleção brasileira campeã do mundo em 1958, tentou-se ao máximo evitar negros no time titular – com exceção de Didi, cujo reserva, Moacir, também era negro, e Dida ou Pelé, que fosse quem fosse o titular seria preto. Já Garrincha e Djalma Santos entraram com o torneio em andamento.

A conquista do Flamengo (que, como o Corinthians, era chamado pejorativamente por algumas torcidas adversárias de "time de pretos"), e com um técnico negro no comando, poderia ter motivado os meios de comunicação para reportagens sobre o que resta de racismo no futebol. Nada de adjetivos, nada de ideológico, nem de conclusões apressadas sobre "o primeiro negro", essas coisas: reportagem mesmo. Nas peneiras dos clubes, há restrições a negros ou mulatos? E os salários da média dos jogadores (não, não vale colocar na lista ídolos como Adriano), variam conforme a cor da pele?

Andrade ganha bem menos que a média dos técnicos.



A liberdade dos outros

Os meios de comunicação até que trataram do assunto, mas com pouco vigor. A proibição dos minaretes na Suíça é um golpe terrível na tolerância religiosa e, mesmo tendo sido aprovada em plebiscito, nada tem de democrática: na democracia, prevalece a vontade da maioria, respeitados, porém, os direitos da minoria.

Os minaretes, aquelas torres típicas das mesquitas muçulmanas, de onde saíam as conclamações aos fiéis para as cinco orações diárias, hoje ficaram sem função: há outras maneiras de convocar os fiéis, sem precisar gritar lá de cima. Mas eles fazem parte da cultura, da arquitetura, da maneira de viver da população islâmica. Se os povos europeus estão preocupados com o que chamam de "invasão islâmica", estão equivocados: desde que os novos moradores cheguem legalmente e aceitem as leis locais, não há motivo algum para discriminá-los – e não é possível apresentar para isso qualquer justificativa.

Não se pode, é evidente, aceitar a imposição da lei islâmica no lugar da lei civil, nem permitir pregações de ódio ou de violência. Ultrapassado este limite, chega-se à discriminação religiosa. E essa discriminação não conhece limites: quando começa, atinge a todos. E não se alegue que, em grande número de países islâmicos, há discriminação contra os seguidores de outras religiões. É verdade. Mas a luta da civilização é para mudar a barbárie, não para tornar-nos iguais aos bárbaros.



Lula pode

Um blogueiro situacionista costuma atacar um jornal por publicar palavrões. Mas manteve o silêncio quando o presidente Lula utilizou um termo pouco comum em salões educados – embora, diga-se, não seja considerado chulo pelo dicionário Aulete. Outros jornalistas situacionistas se apressaram em explicar que palavrão, mesmo, é uma palavra grande; um garantiu que o presidente pode falar a palavra, que isso não tem problema algum, e tanto não tem problema nenhum que ele escreveria a mesma palavra cinco vezes em seguida. Outro disse que a palavra tem origem francesa (e escreveu-a errado, sem o "e" final). Na verdade, a palavra vem do latim. Declina-se "merda, merdae". A explicação óbvia – de que Lula usou deliberadamente a palavra, para garantir a cobertura dos meios de comunicação a um evento bem chatinho, e para evitar que se mencionasse seu bom relacionamento atual com a família Sarney – nem foi mencionada.

Este colunista acha que o presidente pode falar o que quiser – lembrando, entretanto, que na população há pessoas, também governadas por ele, que se chocam com determinadas palavras. É como a restrição a que se impõem os jornais cuja circulação se baseia em assinaturas: as imagens mais chocantes saem da primeira página, vão para páginas internas, onde são alcançadas apenas por quem estiver interessado em vê-las. Esta, entretanto, não é uma regra absoluta: se o presidente quiser mesmo dizer algo que choque parte dos eleitores, ninguém terá motivos para considerá-lo pornográfico. Já se passaram os tempos em que as moças não ficavam menstruadas, mas "incomodadas".



Leitura recomendável

Prólogo #1, de Mariana Portela, Raphael Gancz, Camila Fremder, Vitor Akeda e Flavia Melissa, deve ser lançado nesta quarta, dia 16, a partir das nove da noite, na rua Bahia, 1282, bairro de Higienópolis, SP. É interessante; e dá para degustar alguns textos, no endereço eletrônico http://mizebeb.wordpress.com, de Mariana Portela – filha do jornalista Fernando Portela, repórter que marcou época, e também jornalista de primeira e editora. Para todos os autores, é o primeiro livro. Vale a pena conhecê-los.



Como...

De um grande portal noticioso:

Gene Barry, protagonista de Bat Masterson, morre aos 90

A notícia está absolutamente correta. Mas saiu no tópico Diversão.

Tem gente que se diverte com coisas absolutamente incomuns.



...é...

De um grande portal noticioso:

Turista alemão é detido com 44 lagartos na cueca na Nova Zelândia

Tadinhos dos gringos! Eles pensam que esse tipo de coisa é novidade!



...mesmo?

Também de um grande portal noticioso, falando do presidente:

Lula precebe "Brasileiro do Ano"

É paralinguagem, metalinguagem, alguma coisa dessas. Ao mesmo tempo, diz que o presidente recebeu o prêmio e percebeu um monte de coisas na cerimônia.



A decifrar

De matéria assinada:

"com o dobro de votos a menos do penúltimo colocado"

Alguém, com certeza, vai entender.



E eu com isso?

Cada coisa que a gente aprende no noticiário mais informal!

1 - Menino fica com língua presa após lamber poste de metal congelado

2 - Cantor romeno comete gafe e canta com o microfone de cabeça para baixo

Puxa, a gente tendo a certeza de que o espetáculo é ao vivo e o sujeito fazendo playback! Ainda bem que isso é na Romênia. No Brasil, com certeza, não.

3 - Mulher é presa nos EUA por bater em namorado com um bife

A carne é forte!

E temos aquelas notícias bem frufru, ótimas para fim de ano:

4 - Filho de Gisele ainda não tem nome, diz pai

5 - Coelha assanhada pula cerca e deixa Karina Bacchi intrigada

6 - Com medo de levar coice, Caco Ricci tem trabalho para cuidar de cavalo

7 - Americana é presa após oferecer sexo em troca de gasolina

8 - Ator conta como foi seu xaveco que deu certo

E sempre há alguns com errinhos engraçados, no caso suprimindo a concordância:

9 - Presas 11 pessoas por fraude de R$ 90 mi em vistos para os EUA



O grande título

Coisas boas, coisas boas. No rescaldo do afogão, a grande tempestade que inundou metade de São Paulo, surgiu este:

SP sai do estado de atenção e registra 0 km de lentidão

Este colunista mora na cidade e não viu lugar nenhum sem trânsito, nem agora que já se passaram vários dias, mas se o portal está dizendo é porque em algum lugar deve ser verdade.

Existe aquele título recorrente, com gramática de índio de filme americano:

PF pedir quebra de sigilo de Arruda

E há um fantástico, referindo-se ao famoso discurso do presidente:

Lula fala "merda" em discurso no Maranhão

Absolutamente objetivo. E informativo.

Onde empaca o PAC do saneamento

GLOBO & FOLHA
Onde empaca o PAC do saneamento

Por Rolf Kuntz em 15/12/2009


O presidente Lula só poderá tirar o povo da merda – e assim cumprir a promessa feita no Maranhão – se antes puxar do mesmo atoleiro o PAC do saneamento, como revelaram no sábado (12/12) a Folha de S. Paulo e o Globo. Os dois jornais fizeram o serviço necessário. Nas edições de sexta-feira (11) toda a imprensa noticiou o discurso coprológico do presidente. Mas só dois dos maiores jornais avançaram no assunto, logo em seguida, oferecendo ao leitor um balanço da ação governamental.

O Globo tratou do assunto na manchete de capa: "Saneamento para todos pode demorar 66 anos". Segundo a matéria, o governo só usou até agora 35% dos mais de R$ 8 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo do Serviço (FGTS) destinados ao saneamento partir de 2003. Só 42% dos brasileiros dispõem de esgoto. A porcentagem de 70%, fixada como objetivo para 2015, só será alcançada em 40 anos, se a execução do programa não for acelerada.

A Folha de S.Paulo tratou do assunto só no caderno "Dinheiro". A matéria concentrou-se na execução das obras de tratamento e coleta de esgotos previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Dos R$ 40 bilhões previstos para aplicação entre 2007 e 2010 só 15% foram desembolsados, segundo a reportagem.

Sem projetos e sem pessoal qualificado para elaborá-los, a maior parte das concessionárias não consegue acesso ao dinheiro, fornecido pelo FGTS e pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). A Caixa Econômica Federal só libera os empréstimos contra garantias.

Muitas empresas, de acordo com a matéria, não têm condições de apresentá-las. Redes de esgotos são públicas, segundo a legislação, e não são alienáveis. As companhias não podem, portanto, oferecê-las como garantias, explicou o presidente da Associação das Concessionárias Privadas de Água e Esgoto, Yves Besse, entrevistado pelo jornal. A matéria dá um bom retrato do despreparo das empresas do setor (as grandes, como Sabesp, Copasa e Sanepar, são exceções) e das complicações burocráticas para liberação dos empréstimos.

Detalhes importantes

Há diferenças entre as matérias do Globo e da Folha, mas as duas coincidem no essencial. Mostram a lentidão dos programas de saneamento, a distância entre o prometido e o realizado e o contraste entre os fatos e a retórica de palanque.

Outras boas matérias têm justificado, para o leitor interessado em política e economia, a leitura diária de vários jornais. A matéria mais detalhada e mais clara sobre o projeto de regulamentação do setor financeiro nos Estados Unidos saiu no Estado de S.Paulo, também no sábado. O projeto foi aprovado na Câmara de Representantes e ainda passará pelo Senado, onde há outras propostas sobre o mesmo assunto.

Nem a matéria do Estadão, no entanto, explicou um dos tópicos mais polêmicos do texto aprovado na Câmara. A política monetária, isto é, a ação do Federal Reserve, o banco central americano, ficará sujeita uma auditoria realizada pelo Congresso. Que tipo de auditoria? Os congressistas terão poder para influenciar, por exemplo, na política de juros? São detalhes de enorme importância, mas nenhum jornal esclareceu o assunto.

Baderna fiscal

Todos os grandes jornais dedicaram, na edição de quinta-feira (10/12), amplo espaço às novas medidas fiscais de estímulo à economia. Essas medidas incluem a concessão de mais um empréstimo do Tesouro – desta vez de R$ 80 bilhões – ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em 2009 o governo já concedeu R$ 100 bilhões.

As matérias informaram o tamanho da renúncia fiscal no orçamento de 2010, dado importante para a avaliação da tendência das contas públicas num ano de eleição. Mas só a coluna de Cláudia Safatle no Valor, na edição da sexta-feira (11), explorou em detalhe o significado fiscal dos empréstimos do Tesouro. A matéria foi fundo no exame do assunto e chamou a atenção para a semelhança entre esse tipo de operação e as injeções de dinheiro no Banco do Brasil (BB), nos anos 1970 e 80, por meio da famigerada conta de movimento. Durante anos o Tesouro se endividou para fornecer recursos, por meio do velho orçamento monetário, ao Banco do Brasil. Quem viveu aquela fase de baderna fiscal e monetária tem motivos para temer a repetição da experiência. Bom jornalismo também se faz com a memória.

COMENDA DAS ÁGUAS

Em 1º de dezembro de 2009 foi instituída pela ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA SOHIDRA-ASSO , a COMENDA DAS ÁGUAS.Em Assembleia Geral Extraordinaria outorgou aos Engenheiros Leáo Montezuma e Francisco Coelho Teixeira a supra citada honraria.Também foi autorizada a inclusão como sócios honorário da ASSO.A solenidade de entrega da distinção será no dia 18/12/09 às 10:00 horas , no Auditório ESPAÇO DAS ÁGUAS localizado na Rua Adualdo Batista 1550-Parque Iracema,tendo como referência o Centro Administrativo Virgílio Távora no Cambeba.CONTATO :32181557 COM Said.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Um Olhar sobre as Políticas Públicas de Saúde na Atenção Básica

Agenda
Um Olhar sobre as Políticas Públicas de Saúde na Atenção Básica
1/12/2009

Dia 3/12/2009

Faltam 2 dias para o início do evento. Duração: 1 dia

Agência FAPESP – A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) realizará no dia 3 de dezembro, na capital paulista, o 2º Seminário “Um Olhar sobre as Políticas Públicas de Saúde na Atenção Básica”.

Os objetivos são proporcionar a profissionais de saúde, estudantes e docentes uma reflexão sobre o tema e estimular a produção científica, exposição, análise e troca de conhecimentos entre os profissionais da área de saúde e estudantes da Unifesp.

Durante o seminário serão divulgados e premiados os trabalhos científicos realizados durante o ano de 2009 por docentes, enfermeiros e alunos de enfermagem da Escola Paulista de Enfermagem (EPE) e de outras unidades da Unifesp.

Além das apresentações orais dos trabalhos, haverá duas conferências. A de abertura será “Políticas Públicas de Saúde na Atenção Básica”, com Ana Cristina Passarela Brêtas, professora da EPE.

A conferência de encerramento discutirá o tema “Mercado de trabalho e os desafios para o enfermeiro”, com conferencista a ser definido.

As inscrições poderão ser feitas nos locais do evento, que ocorrerá das 9 às 17h30. O seminário ocorrerá em dois locais: no Teatro Marcos Lindenberg (R. Botucatu, 862) e no auditório EPE/Unifesp (R. Napoleão de Barros, 754), ambos na Vila Clementino, em São Paulo.

Mais informações: http://proex.epm.br/eventos09/politicas_publicas

Boas histórias de assalto ao Tesouro

Boas histórias de assalto ao Tesouro

Por Rolf Kuntz em 1/12/2009


As violências contra o Tesouro têm sido um dos assuntos mais constantes da imprensa, embora a vítima nem sempre seja citada de modo explícito. O Estado de S.Paulo mostrou indícios de fraude em nove convênios do governo com a União Nacional dos Estudantes (UNE), mimoseada em dois anos com R$ 2,9 milhões pelo Ministério da Cultura. A Folha de S.Paulo contou como se pode criar uma igreja e ficar livre de impostos com investimento de apenas R$ 418,42. As duas matérias foram publicadas no domingo (29/11). Na semana anterior, jornais noticiaram e discutiram as novas bondades fiscais concedidas a setores eleitos pelo Executivo, incluído o automobilístico, o mais influente segmento da indústria.

Segundo o Estadão, os convênios da UNE estão em situação irregular, por falta de documentos e de prestação de contas. Um dos financiamentos, no valor de R$ 342 mil, foi destinado à realização do congresso nacional da entidade, em Brasília. Parte da verba seria usada para segurança e a previsão dessa despesa foi baseada em orçamento de uma empresa fantasma. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a pré-candidata Dilma Rousseff estiveram no evento.

Programas emperrados

A matéria é especialmente importante porque o presidente da UNE, Augusto Chagas, já se declarou estudante profissional, em mais de uma entrevista, e afirmou ser obrigação do governo dar dinheiro a entidades estudantis. A matéria também cita, como exemplo da generosidade oficial, a entrega de R$ 435 mil para a produção de um livro e de um documentário. Nenhum dos dois foi produzido e não houve prestação de contas.

A imprensa tem contado histórias semelhantes a respeito de dinheiro entregue ao MST, mas o Ministério do Desenvolvimento Agrário insiste em afirmar a correção de sua política de repasse de verbas.

A reportagem da Folha revela como bastaram dois dias úteis e R$ 218,42 em despesas de cartório para a fundação da Igreja Heliocêntrica do Sagrado Evangelho. Com mais R$ 200, os três fundadores já tinham conseguido o CNPJ e puderam abrir uma conta bancária e realizar aplicações financeiras livres do Imposto de Renda e do Imposto sobre Operações Financeiras.

Não é preciso indicar um número mínimo de fiéis nem dar informações sobre a doutrina da igreja. Basta apresentar o registro da assembléia de fundação e o estatuto oficializado num cartório. Assim se interpreta o preceito da liberdade religiosa inscrito na Constituição. Talvez seja complicado restringir a aplicação desse preceito, mas a reportagem mostrou como é fácil aproveitá-lo para a vigarice e para a fuga do pagamento de impostos. Certamente mais fácil, em termos legais, seria selecionar com maior seriedade as instituições beneficentes para a concessão de ajuda financeira e de isenção fiscal. Na última discussão do assunto, o governo preferiu jogar para o alto a seleção e restabelecer o financiamento a todas as entidades. Muito mais simples e politicamente menos custoso.

Deve-se creditar alguma defesa do Tesouro Nacional ao Tribunal de Contas da União (TCU), órgão auxiliar do Legislativo. O presidente da República e alguns de seus ministros têm responsabilizado o TCU – quando não o Ibama – pelo emperramento de seu programa de obras. Em muitos casos, como já se mostrou muitas vezes, o projeto nem sequer foi detalhado tecnicamente. Noutros, as normas de elaboração de projetos e de licitação de obras foram simplesmente ignoradas. Tudo isso já foi publicado.

Governantes felizes

Como se nenhum desses dados fosse relevante, o Executivo insiste na tentativa de limitar a fiscalização. O projeto da Lei Orgânica da Administração Pública recomenda o exame das obras acabadas e dos serviços concluídos, devendo ser excepcionais o controle prévio ou concomitante. Esses pontos foram divulgados nas últimas semanas. A grande novidade na cobertura do assunto foi apresentada em manchete pelo Globo, na sexta-feira (27/11): uma entrevista com o ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage. "O capítulo de controle precisa ser profundamente alterado, tem coisas inaceitáveis. Propõe praticamente a eliminação do controle preventivo, quando, a nosso ver, a idéia é exatamente o contrário (...) O primeiro dever dos órgãos de controle interno é reagir preventivamente", disse o ministro, segundo o Globo.

A entrevista é excepcionalmente relevante porque Jorge Hage comanda um setor do Executivo, sendo, portanto, dependente da Presidência da República. A mesma crítica, segundo o jornal, havia sido feita pelo chefe da CGU numa reunião do grupo de infraestrutura do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, com participação de outras importantes figuras do gabinete presidencial.

Todas essas matérias são exemplares, não só pela qualidade do trabalho, mas também porque mostram quanto é difícil traçar uma fronteira entre informação e fiscalização. Essa fronteira provavelmente não existe e por isso os jornais não poderão atender à recomendação do presidente Lula. Segundo ele, os jornais deveriam limitar-se a informar, sem fiscalizar. Para seguir esse conselho, terão de afrouxar a atividade informativa. O governo certamente ficaria mais feliz.