domingo, 10 de abril de 2011

Refúgio para curtir ao ritmo do vento


Um lugar onde o sol escalda, o vento refrescante não dá trégua e andar descalço é uma premissa. Erguida entre dunas, recortada por poucas ruelas cobertas de areia - sem nenhum asfalto - e com um mar verde que atrai a qualquer hora do dia, o vilarejo de Jericoacoara é um oásis para quem quer descansar à beira-mar. Parece até que é de propósito que a natureza o mantém assim, tão escondidinho no litoral oeste do Ceará.

Alcançar o paraíso requer certa determinação. Os 300 quilômetros que separam Jeri (é assim que todos a chamam) da capital Fortaleza podem ser percorridos em um veículo 4x4 em cerca de quatro horas. Ou, mais recentemente, de ônibus: são cinco horas até a cidade de Jijoca de Jericoacoara e mais uma corcoveando pelas estradas de areia a bordo de um veículo adaptado (no jargão popular, jardineira) até a pequenina vila. Mas o périplo, independentemente do transporte escolhido, valerá cada minuto.

Como nos últimos anos o turismo se tornou a principal atividade deste antigo vilarejo de pescadores, visitantes são tratados como reis. Na larga faixa de areia da praia principal, confortáveis espreguiçadeiras os aguardam desde o amanhecer, em frente aos bares e restaurantes que ali estão para servir os tradicionais aperitivos de frutos do mar. O mais concorrido deles é o Clube dos Ventos, um lugar multilíngue, onde italianos, ingleses e outros estrangeiros são maioria.

Depois que descobriram Jeri no mapa do Brasil (com a ajuda do Washington Post, que em 1994 elegeu a praia como uma das dez mais belas do mundo), os gringos não a deixaram mais. Ao menos os adeptos do windsurfe, kitesurfe e stand up surfe, nova modalidade em que a pessoa fica de pé sobre uma prancha e navega com o auxílio de um remo.

O local é visto como um dos melhores do mundo para a prática destas atividades graças aos poderosos ventos alísios, que são capazes de criar ondas onde elas não existem. Por causa disso, a alta temporada lá difere dos outros destinos praianos: começa em julho e vai até dezembro.

Beleza esculpida. Um dos principais cartões-postais do destino também fica escondido. Para ver a Pedra Furada, um arco natural de quase 5 metros de altura, é preciso aproveitar a maré baixa. Há como chegar lá a pé - caminhando uma hora pelas areias e debaixo de sol fortíssimo - ou de bugue, que vai até bem perto dela. Se puder, marque sua viagem entre junho e agosto, que é quando o sol se "encaixa" perfeitamente na pedra ao entardecer.

Você vai precisar de pelo menos mais um pôr do sol em Jeri para comprovar que ele é um dos mais incríveis do País. Segundo os nativos, é raro o dia em que o astro some antes de alcançar o mar. Feito que turistas e locais apreciam (e aplaudem) cotidianamente lá do alto da Duna do Pôr do Sol, na praia principal.

Pitoresco. Poucos minutos seriam suficientes para percorrer as ruelas forradas de areia - que, acredite, ficam mais charmosas pela ausência de iluminação pública -, não fossem as lojinhas e restaurantes que alongam o trajeto dos visitantes. Tem artesanato, crochê e joias refinadas. Há ainda restaurantes italianos (muitos estrangeiros trocam a condição de turista pela de morador e chef de cozinha), deliciosos menus à base de frutos do mar e casas de tapioca e açaí.

Quer esticar até mais tarde? Também pode. A agenda noturna de Jeri é movida a samba, rock e forró, e turistas e locais festejam juntos. Antes de voltar ao hotel, todos vão à Padaria Santo Antônio, que só funciona das 2 às 7 horas, atendendo os baladeiros com caprichados pães recheados com queijo, banana ou coco. Delícias para fechar a noite.

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