Nova York, 11/01/2010
Pós-tsunami ensina recuperação de tragédia
Processo bem-sucedido de reconstrução na região atingida por ondas gigantes em 2004 mostra que é essencial participação da comunidade
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da PrimaPagina
A recuperação de áreas atingidas por tragédias climáticas — como enchentes, deslizamentos e furacões — só pode ter sucesso se envolver a própria comunidade. Essa é, na avaliação das Nações Unidas, a principal lição da reconstrução bem-sucedida das regiões afetadas pelo tsunami — série de ondas gigantes no Oceano Índico que atingiram 14 países na Ásia e na África, em 26 de dezembro de 2004, matando cerca de 250 mil pessoas, deixando 2 milhões de desalojados e um exército de órfãos.
Logo que o desastre começou a mostrar sua magnitude, a comunidade internacional somou esforços e promoveu ação humanitária sem precedentes. Governos, agências da ONU e seus parceiros, equipes de salvamento e ONGs tiveram ação imediata, providenciando assistência médica, abrigo, água e alimentação às vitimas do desastre.
A urgência diante de uma situação em que milhões estavam desabrigados poderia levar a ações apressadas e desordenadas, apenas restaurando a estrutura anterior, prato cheio para novos desastres. O dilema que se colocou para as organizações envolvidas na reconstrução era: reconstruir rapidamente ou reconstruir melhor? O trabalho nas regiões afetadas pelo tsunami mostra, segundo o PNUD, a importância de “reconstruir melhor”, sob liderança da comunidade afetada, que tem informações mais precisas sobre o que as pessoas precisam.
Somente assim seria possível reverter a situação e abarcar problemas não somente de infraestrutura, mas também sociais. “A única forma de compensar esse tipo de perda é dando dignidade e capacidade de decisão às pessoas que sofreram”, afirma o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, enviado especial da ONU para os países afetados pelo tsunami.
Como resultado dessa conjugação de esforços, foram construídas 250 mil moradias, mais de 100 portos e aeroportos e milhares de escolas, e centenas de hospitais foram reestruturados. Como mostra um documentário sobre a reconstrução, produzido pelo PNUD e outras agencias internacionais, o processo incluiu também a reabilitação de grupos antes marginalizados, que passaram a ter crescente importância — principalmente as mulheres, muitas das quais receberam capacitação e conseguiram seu primeiro emprego devido nas tarefas de recuperação.
O relatório O legado do tsunami: inovação, avanços e mudanças, publicado em abril pela ONU, pela Cruz Vermelha e pelo Crescente Vermelho, apontou que o envolvimento das comunidades é tão importante quanto a previsão das catástrofes. Na lista de recomendações do texto para que sejam reduzidos os riscos, informação e treinamento da população figuram lado a lado à recomendação de aumento em investimentos para criar sistemas de prevenção mais seguros.
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