Especialistas debatem tratamentos alternativos contra câncer
Ter, 05 Jan, 04h48
Por Javier Parra, da Efe
Calor intenso, vitamina C, bicarbonato, ímãs ou terapia fotodinâmica fazem parte da gama de tratamentos alternativos contra o câncer apresentada recentemente em um congresso realizado na Espanha, frente aos tradicionais, com base em cirurgia, quimioterapia e radioterapia.
Um total de 800 profissionais de todo o mundo especializados no tratamento do câncer sem quimioterapia ou radioterapia se reuniu no 3º Congresso Internacional sobre Tratamentos Complementares e Alternativos ao Câncer, realizado em Madri entre 31 de outubro e 1º de novembro, no qual foram apresentadas as últimas descobertas neste campo.
Os especialistas em remédios considerados "ainda alternativos" presentes tentaram demonstrar que "não há nada em nível científico que demonstre que os produtos químicos curam o câncer", disse à Agência Efe José Antonio Campoy, presidente da Associação Mundial de Pesquisa sobre Câncer, organizadora do evento.
Cuidado com as defesas
Segundo Campoy, ao contrário dos tratamentos ortodoxos contra o câncer, como cirurgia, quimioterapia e radioterapia, "existem outros baseados, principalmente, no cuidado com as defesas".
Uma das conferências que despertaram mais interesse no congresso foi a do médico Alberto Martí Bosch, que expôs o caso de uma mulher espanhola de 31 anos. Depois de dar à luz e passar por operações devido a um tumor no cérebro, os médicos do departamento de Oncologia de uma conhecida clínica do norte da Espanha anunciaram que seu caso não tinha cura.
Bosch atendeu a paciente e assegurou que, "em somente três meses e graças a um tratamento integral, os tumores que tinham se estendido por seu cérebro, fígado e pulmões reduziram".
O médico trabalhou muitos anos como oncologista pediátrico até que, dados os poucos resultados que obtinha com os tratamentos convencionais, e, sobretudo, vendo dia a dia o enorme sofrimento que eles causavam, abandonou definitivamente a prática.
Vinte anos depois e após formar-se amplamente em disciplinas que não são ensinadas nas faculdades de Medicina, Bosch afirma que aborda o câncer "de uma forma holística, ou seja, de forma integral e levando em conta o princípio de Hipócrates de 'não causar dano' em primeiro lugar".
"Este tratamento leva em conta os aspectos psicológicos e emocionais, além do físico, âmbito no qual desintoxicar, resolver possíveis carências vitamínicas, minerais, enzimáticas e hormonais potencializam o sistema imunológico e equilibram o organismo bioenergeticamente", diz.
Um futuro diferente
A médica Natalia Eres, oncologista clínica, aposta em abrir os tratamentos convencionais aos remédios complementares que demonstraram eficácia.
Natalia é convencida de que, "em poucos anos, a quimioterapia como é conhecida e praticada hoje terá desaparecido e tenderá a combinar remédios mais específicos e menos tóxicos com medicamentos naturais, cujos mecanismos de ação tenham sido confirmados clinicamente".
"E se o que chamamos câncer não for uma doença, mas um processo biológico natural de defesa que ainda não conseguimos entender?", pergunta Coral Mateo, presidente da Sociedade Espanhola de Homeopatia Veterinária, que, após muitos anos tratando tumores em cachorros, está convencida de que o organismo inicia estas patologias "uma vez esgotados seus mecanismos de desintoxicação".
A partir desta teoria, "o corpo começa a desenvolver tecidos novos para depositar em seu interior os resíduos tóxicos com a intenção de isolá-los e destruí-los antes que cheguem ao sangue e se tornem fatais".
"A solução não passaria por destruir os tumores, mas por tratar a intoxicação sofrida pelo corpo", disse.
Deficiência nutricional
Para o médico alemão Gottfried Cornelissen, o câncer é "consequência de um dano sustentado sobre o metabolismo das mitocôndrias, resultado tanto de uma deficiência nutricional quanto do impacto dos tóxicos sobre elas".
A transformação do DNA seria, portanto, um efeito, e não uma causa da célula cancerígena. Para ele, "basta reforçar o sistema imune com suplementos adequadamente testados para cada paciente, equilibrar o sistema hormonal e eliminar os materiais tóxicos do organismo para evitar entre 60% e 80% do desenvolvimento de tumores".
Em suas consultas, o médico alemão complementa suas teses com um aparelho de diagnóstico e tratamento por biofrequência, capaz de corrigir desequilíbrios antes que aconteçam danos nas mitocôndrias.
Já o médico Ángel Borruel, membro da Associação Espanhola de Médicos Naturistas, há 17 anos utiliza uma planta chamada azevinho para tratar o câncer e que tem resultados que ele mesmo qualifica de "bons".
"Está constatado que a planta reforça o sistema imunológico, inibe os oncogenes que estimulam a angiogênese e provoca a apoptose das células cancerosas, além de melhorar a qualidade de vida do paciente", diz.
O azevinho tem ampla difusão na Europa como tratamento contra tumores e é o produto oncológico mais utilizado na Alemanha, contando com os medicamentos quimioterápicos. O National Cancer Institute dos Estados Unidos reconheceu sua eficácia.
As substâncias externas
O "pai" da Medicina Sistêmica, o venezuelano José Olalde, baseia seus tratamentos em diferentes combinações de substâncias externas ao organismo, geralmente plantas, que aumentam, paralelamente ou separadamente, "a inteligência biológica, a energia e a organização do organismo", melhorando assim seu potencial de sobrevivência, sem apresentar efeitos colaterais.
O médico espanhol de origem libanesa Raymond Hilu se apoia na aplicação da "hipertermia regional profunda" para tratar o câncer, já que, segundo sua teoria, "as temperaturas superiores a 42° C danificam irreversivelmente a circulação no tumor".
Além disso, segundo ele, "ao aumentar a vasodilatação e a circulação sanguínea, são obtidos numerosos efeitos indiretos, como a redução da acidez extracelular, a melhora do metabolismo e da resposta imunológica, assim como uma mais fácil eliminação de resíduos tóxicos".
Já o doutor Miguel Ángel Ibáñez, da Universidade de Barcelona, há alguns meses apresentou nos EUA um trabalho realizado em parceria com a Universidade de Stanford no qual descreve novos mecanismos de ação da vitamina C.
Após centenas de casos tratados com vitamina C intravenosa, o médico não tem dúvidas de sua eficácia em casos de câncer e em outras patologias degenerativas. "Aplicada por meio de gotejamento, não só tem efeito antitumoral, mas também antidegenerativo", acrescenta.
Bicarbonato e ímãs
O oncologista italiano Tullio Simoncini afirma que, para tratar o câncer, "o melhor é utilizar algo tão simples quanto o bicarbonato de sódio diluído em água destilada, porque, alcalinizando a zona de um tumor, é possível resistir ao entorno ácido no qual se desenvolve, além de deter seu crescimento".
O especialista assegura que a principal causa do câncer e da acidificação é um fungo que deve ser eliminado do organismo: a Candida albicans.
O médico mexicano Isaac Goiz defende, por sua vez, que "toda patologia se inicia em dois pontos relacionados: de um lado, a acidificação, e, de outro, a alcalinização. E isso faz com que, em um, se acumulem os vírus e fungos e, no outro, as bactérias e parasitas".
Em consequência, segundo sua experiência, "bastaria colocar dois simples ímãs de uma potência superior a mil Gauss sobre esses pontos para neutralizar o Ph e para que os microorganismos perdessem sua capacidade patogênica".
Goiz considera, além disso, que a maioria dos casos diagnosticados como câncer não está correto, já que, segundo ele, só são verdadeiros "aqueles em que está presente o bacilo da lepra".
Já o professor Diego Armesto, catedrático de Fotoquímica Orgânica na Universidade Complutense de Madri, aponta as vantagens do tratamento com terapia fotodinâmica no âmbito da oncologia.
"Consiste em aplicar uma fonte de energia luminosa a determinada longitude de onda sobre um tecido previamente fotossensibilizado, o que gera grande quantidade de radicais livres e derivados do oxigênio, que, por sua vez, reforça o sistema imunológico e provoca a apoptose do tumor, por destruir seus vasos sanguíneos", afirma.
"Tudo isso sem o risco de disseminar o câncer em os tecidos adjacentes", acrescenta. Armesto assegura que este tratamento "é eficaz, não causa problemas no longo prazo e, embora tenha sido utilizado para tratar o câncer pela primeira vez há mais de 100 anos, continua sendo ignorado hoje pela oncologia convencional".
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