terça-feira, 7 de setembro de 2010

IBAS é sucesso inesperado, diz pesquisador


Reportagens


Pretória, 30/08/2010
IBAS é sucesso inesperado, diz pesquisador
Para especialista da Universidade de Pretória, fundo de grupo formado por Índia, Brasil e África do Sul tem bons resultados antes do previsto



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BRUNO MEIRELLES
da PrimaPagina

O fundo de desenvolvimento mantido pelo IBAS (grupo formado por Índia, Brasil e África do Sul) e administrado pelo PNUD é um sucesso inesperado, afirma o pesquisador Lyal White, da Universidade sul-africana de Pretória. Em artigo publicado na 21ª edição da revista "Poverty In Focus", do CIP-CI (Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo), o especialista fundamenta seu ponto de vista ao dizer que, com abordagem simples e eficaz, o fundo apresentou resultados bons e surpreendentes, "de forma relativamente rápida”.


Lançado em Brasília em junho de 2003, o IBAS estabeleceu um diálogo entre os seus membros, que têm se articulado para promover o desenvolvimento e a integração na África, Ásia e América Latina. Seu fundo, financiado por uma pequena contribuição anual de US$ 1 milhão por integrante, tem como metas ações em algumas das partes mais pobres do mundo.

Três projetos já foram concluídos: um de gestão de resíduos no Haiti, um de desenvolvimento agrícola em pequena escala em Guiné-Bissau e um posto de saúde em Cabo Verde. Outros programas estão em andamento, como um centro de aconselhamento sobre HIV em Burundi e um complexo esportivo na Cisjordânia. O grupo negocia neste momento ações similares no Laos, Camboja e Timor Leste.

Para Lyal White, a maior conquista até agora foi a coordenação política. Nas Nações Unidas, por exemplo, os três países votaram da mesma forma em 96% das vezes e consideram prioritária a reforma do Conselho de Segurança.

Na economia, o comércio entre o grupo saltou de US$ 3,9 bilhões, em 2003, para US$ 12 bilhões em 2009 — ainda assim, permanece baixo em comparação com o fluxo comercial de Brasil e China (US$ 36 bilhões no ano passado). Um incremento maior enfrenta obstáculos dificilmente superáveis no curto prazo: seria necessário incluir, nas negociações, os blocos dos quais os três fazem parte, como Mercosul.


O especialista afirma ainda que o Brasil abraçou o desenvolvimento como uma prioridade na política externa, privilegiando a África. Dos 318 projetos de cooperação técnica do país no exterior, 125 estão em 19 nações do continente.


O grupo conta com 17 frentes de trabalho que fazem intercâmbio de conhecimentos e desenvolvem a cooperação trilateral. Cada um desses núcleos tem obtido resultados variados. O de ciência e tecnologia inclui, por exemplo, iniciativas como uma viagem de pesquisa à Antártida e o compartilhamento da tecnologia em biocombustíveis.


Impostos e negócios


Já na área tributária, o Brasil criou uma unidade especial, baseada no modelo sul-africano, para lidar especificamente com os contribuintes de grande porte. África do Sul e Índia exploram, por sua vez, a tecnologia da informação, que ajuda Brasília a melhorar sua arrecadação com impostos.


Os fóruns de negócios do IBAS também obtiveram resultados expressivos. Onde havia pouco ou nenhum diálogo formal, está sendo criado um banco de dados que reúne todas as pequenas e médias empresas dos três países envolvidos.


“A cooperação para o desenvolvimento distingue o IBAS de outras formações emergentes. O BRIC (formado por Brasil, China, Índia e Rússia) baseia-se em imperativos econômicos, não em um movimento de cooperação política. É por isso que os dois podem e devem coexistir”, conclui White.

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