sábado, 29 de outubro de 2011

por Roberto Proença de Macêdo Preservação de áreas verdes - propriedade como patrimônio natural


por Roberto Proença de Macêdo

Preservação de áreas verdes - propriedade como patrimônio natural

Consciente de que podemos contribuir efetivamente para a preservação de áreas verdes e a recuperação daquelas que foram degradadas, decidi criar uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) em uma propriedade pessoal situada no perímetro da Área de Preservação Ambiental (APA), do Maciço de Baturité. A constituição dessa RPPN, que é um ato voluntário, com caráter de perpetuidade e sem perda do direito de propriedade, foi a maneira mais prática que encontrei de proteger os recursos hídricos, a fauna e a flora daquele lugar que eu tanto gosto.

Ao tomar essa decisão, senti de imediato que estava fazendo uma escolha que muito contribuiria para a minha consciência de cidadão, preocupado com o futuro do planeta e em transmitir aos meus herdeiros um legado, que não fosse só material, mas um patrimônio também de consciência ambiental. Afinal, o Maciço de Baturité é uma ilha verde onde se refugiam os animais da caatinga nos períodos mais secos do ano. Para mim é uma grande satisfação apreciar os passarinhos bebendo água e comendo frutos ao meu redor, sabendo que o significado da preservação é muito maior do que este prazer pessoal.

Quando adquiri essa propriedade, em 1993, a maior parte da sua área estava muito degradada pela exploração da agricultura de subsistência, característica daquela região, notadamente por cana, banana, babaçu e café.

Durante quase duas décadas, com o cuidado de não tirar madeira sequer para fazer um cabo de foice, já sentimos uma grande diferença na cobertura vegetal. Em 2008 obtive o registro da RPPN e agora, em 2011, após a Avaliação Ecológica Rápida (AER), que identificou a fauna, a flora, aspectos geológicos e hídricos está sendo iniciado o plano de manejo recomendado para a área.

O meu contentamento com essa iniciativa de instituição de uma RPPN, levou-me a contatar outros proprietários da região e hoje, com a orientação técnica da Associação Caatinga (www.acaatinga.org.br) e com o apoio da Associação Asa Branca dos Proprietários de RPPN do Ceará (www.rppnceara.org.br), já temos duas RPPNs registradas, dois Planos de Manejos elaborados, cinco RPPNs em fase avançada de criação e oito em processo inicial, criando um corredor de preservação que integra os municípios de Aratuba, Mulungu, Guaramiranga e Pacoti.

A experiência vivida até agora me dá a convicção de que com uma simples atitude pode-se recuperar parte das condições originais da cobertura vegetal e da fauna, não apenas desta área, um resquício de Mata Atlântica, mas principalmente do bioma Caatinga sem que, com isso, seja preciso abrir mão do direito de ter uma determinada parte da propriedade gerida ao gosto do dono, respeitando, é claro, as normas do novo Código Florestal.

Criar uma RPPN é algo bom para o proprietário da terra, para as plantas e os animais, para o planeta e uma garantia de sustentabilidade para as futuras gerações.

Roberto Macêdo - roberto@pmacedo.com.br
Empresário e presidente da FIEC

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