sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

HAITI

Reportagens Haiti, 12/01/2012 Assistência pós-terremoto no Haiti se desloca para a reconstrução do país Dois anos após a tragédia, a ajuda está sendo direcionada para a execução de obras e atividades de recuperação Leia também Haitianos já removeram quase metade dos escombros do terremoto de 2010 Haiti ganhará quase R$ 100 mi para a saúde do PNUD A alocação de recursos para a recuperação do Haiti, após o terromoto que aconteceu há dois anos e devastou o país, deslocou-se para a reconstrução, restauração da infraestrutura, remoção de entulhos, criação de empregos e reforço das capacidades. Ainda existe, entretanto, uma grande necessidade de ajuda humanitária. “Nós tivemos um ano de transição da fase humanitária para a fase de recuperação e reconstrução”, disse Rebeca Grynspan, Administradora Adjunta do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em uma teleconferência organizada pela UN Foundation para atualizar informações sobre a situação no Haiti desde o terremoto de 12 de janeiro de 2010. “Tem sido um grande desafio, uma vez que sabemos que o Haiti ainda carece de alguns tipos de apoio humanitário. Mas, lentamente, a ênfase e a alocação de recursos está se deslocando para a recuperação e a reconstrução”, disse. Sobre a criação de empregos, Rebeca disse que o PNUD ajudou a criar 300 mil vagas temporárias de trabalho desde o terremoto, organizando as pessoas para realizar atividades como remoção de entulhos, coleta de lixo e reforçando a prevenção e a redução do risco de catástrofes. Cerca de 40% dos trabalhos temporários foram ocupados por mulheres. “Isso deu a 60 mil famílias a possibilidade de reconstruir suas vidas, de ter acesso a treinamento especializado e a recursos financeiros”, afirmou Rebeca. “Esse é o maior programa de criação de empregos que temos no mundo. Noventa por cento da força de trabalho empregada na execução dos projetos do PNUD é haitiana.” De acordo com a Administradora Adjunta do PNUD, os esforços agora estão se deslocando para a criação de postos de trabalhos mais duradouros, passando de programas de transferência de renda para a criação de empregos em que o dinheiro esteja atrelado à produtividade. “Nós estamos apoiando, cada vez mais, pequenas empresas, organizações baseadas na comunidade, iniciativas independentes e promovendo mais treinamentos para a força de trabalho, de modo que eles estejam capacitados para ter acesso a este mercado”, adicionou. “Vamos lembrar que um dos maiores desafios que enfrentamos no Haiti é a elevada taxa de desemprego de longa duração, que tem prolongado a crise profunda que atinge o país”. Estima-se que 60% da população economicamente ativa do Haiti esteja desempregada. Na área de prevenção e redução de riscos de catástrofes, ela disse que o PNUD tem apoiado a construção de 2.000 metros de estruturas de proteção nas margens dos rios e ajudou 10 municípios no Norte, Sul e Sudeste do país a se proteger contra as enchentes e inundações durantes os furacões e as chuvas torrenciais. Cerca de 400 hectares de terra foram reflorestados, em um esforço para tornar o país mais resiliente a catástrofes naturais. Foram custeados também programas de formação para 2,7 mil pessoas no serviço público do país e colocou especialistas nacionais e internacionais à disposição dos departamentos governamentais haitianos para ajudar na recuperação e na capacitação. “A comunidade local haitiana teve um papel crucial nos esforços de reconstrução e o PNUD continua a instigar uma abordagem mais participativa em seus planejamentos para permitir que os haitianos possam assumir o controle de seu país e escolher seu próprio futuro,” disse Rebeca Grynspan. Atenção à saúde Sobre a epidemia de cólera que atingiu o Haiti dez meses após terremoto, Jon Andrus, Diretor Adjunto da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), disse que o surto só pode ser eliminado por meio da criação de capacidades em água e saúde e infraestrutura de saneamento. Ele ressaltou que o surto de cólera no Haiti foi um dos maiores já registrados na história moderna a atingir um único país. A partir de meados de dezembro do ano passado, o Haiti reportou mais de 520 mil casos e cerca de 7.000 mortes. A vizinha República Dominicana relatou mais de 21 mil casos e 363 mortes no mesmo período, segundo Andrus. “Ao longo do último ano a resposta internacional tem sido substancial com a implementação e promoção de uma variedade de estratégias de controle e prevenção” disse. “Entretanto, apesar desses esforços intensificados, nós ainda encontramos aproximadamente 200 novos casos de cólera por dia no Haiti, e esse número certamente irá aumentar durante a próxima estação de chuvas. ”A eliminação da cólera requer esforços renovados para garantir que água potável e saneamento básico serão fornecidos para todos os residentes. Tais esforços demandam grandes investimentos em desenvolvimento de capacidades e em infraestrutura por décadas. Nós, como parceiros, falhamos ao não conseguir garantir que água potável e saneamento fossem proporcionados a cada cidadão haitiano. Agora nós temos uma nova oportunidade para reverter esse fracasso,” completou Andrus. Reconstrução de hospitais Também está em andamento o projeto de cooperação firmado entre Brasil, Haiti e Cuba, através do PNUD Brasil, que prevê a construção de hospitais e centros de atendimento, além da capacitação de profissionais de saúde naquele país. Já foram feitos estudos topográficos, geotécnicos e de impacto sócio-ambiental e também nivelamento e preenchimento do terreno em duas áreas onde serão construídos hospitais. A reforma de dois laboratórios está prevista para ser concluída em maio. A lista com os equipamentos necessários foi finalizada e aprovada pelas autoridades de saúde locais, e o orçamento deve ser aprovado no âmbito da cooperação para que seja feita a aquisição. No total, o governo brasileiro, através do Ministério da Saúde e com apoio do PNUD Brasil, vai investir cerca de R$ 100 milhões no projeto.

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