Paulo Saldaña - O Estado de S. Paulo
A Universidade de São Paulo (USP) quer criar um sistema interno de avaliação de seus programas de pós-graduação parecido com a avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão federal responsável pela pós-graduação no País. A ideia é ter um diagnóstico detalhado da qualidade do cursos de mestrado e doutorado da universidade.
Hoje, existe uma avaliação interna na USP, que é trienal e não investiga curso por curso. A Capes fica com a avaliação, reconhecimento das pós e atribuição de notas dos cursos.
"A USP tem um problema: é grande demais, atua em muitas áreas, diferente de outras instituições mundiais de renome. E, por sermos grandes, precisamos de uma avaliação como são as externas, só que mais amplas", explica o pró-reitor da Pós-Graduação, Vahan Agopyan. "A avaliação da Capes é excelente, mas a USP tem de definir o que quer."
A universidade ainda é responsável pela formação de 20% de todos os doutores do País. Em 2011, 2,2 mil doutores e 3,4 mil mestres se titularam pela USP.
Segundo Agopyan, o objetivo não é criar um ranking de melhores programas, mas traçar "diretrizes" desses cursos. A proposta surgiu na comissão de pró-reitoria e foi tema de conversa há duas semanas com os coordenadores dos 242 programas de pós-graduação. Agopyan diz que aguarda relatórios dos coordenadores para avançar, ou não, com a criação da análise.
A avaliação deverá ser anual. A criação do novo modelo vem na esteira das discussões do regimento da pós-graduação na USP. A pró-reitoria identificou a necessidade de uma análise mais frequente para garantir uma das mudanças que devem ser aprovadas: uma maior autonomia para as unidades como forma de dinamizar os programas e tentar melhorar a qualidade dos pesquisadores. A instituição defende a formação de um "perfil de líder".
A proposta ainda prevê que o estudante passe por uma avaliação até um ano e meio após o início do curso - a manutenção da qualificação atual, focada no programa de pesquisa, ainda será discutida.
Outra mudança está prevista no final do curso: a tese vai receber relatório escrito da banca examinadora antes da defesa oral. A intenção é que o aluno possa se preparar melhor.
Inclusão. O regimento em discussão possibilita que docentes não doutores integram os programas. Segundo o pró-reitor, isso pode ocorrer em casos excepcionais.
"Há médicos pesquisadores em outros países que não têm esse título. Não podem participar, mas já foram orientadores de professores daqui. Excepcionalmente, também pode haver nos mestrados profissionais."
O documento deve ser votado pela comissão de pós-graduação neste mês. Se aprovado, segue para o Conselho Universitário e entraria em vigor em 2013.
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