Reportagens
Timbaúba (PE), 27/04/2011
Erva medicinal estimula preservação em PE
Curso sobre medicina natural, apoiado pelo projeto Caixa ODM, valoriza a vegetação local e gera renda em município de Pernambuco
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BRUNO MEIRELLES
da PrimaPagina
Um curso está ajudando moradores de Timbaúba (PE), município fortemente dependente do cultivo da cana, a alcançar dois dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). A capacitação estimula a preservação da Mata Atlântica e oferece uma fonte alternativa de renda a 60 pessoas da região por meio do cultivo e uso de ervas medicinais. O projeto é uma das 74 ações que recebem investimento do Programa Caixa ODM, uma iniciativa da Caixa Econômica Federal apoiada pelo PNUD.
“A iniciativa chama a atenção justamente por valorizar a vegetação nativa, mostrando que ela é capaz de gerar renda com produtos para a saúde. Assim, ele contribui tanto para a meta de preservação (ODM 7), quanto para erradicar a pobreza (ODM 1)”, afirma a coordenadora do Comitê Regional do Programa Caixa ODM, Kledja Maria Marabuco de Sousa Lopes.
O curso, intitulado"Plantas e Práticas de Medicina Popular", abre a possibilidade de se criar uma alternativa durante a entressafra da cana-de-açúcar. Essa cultura tem uma presença muito forte na região da Zona da Mata desde a época colonial e emprega boa parte da população durante a colheita, explica Kledja. Em outros períodos, porém, as pessoas precisam buscar outras atividades.
Os alunos são, em sua maioria, mulheres acima dos 60 anos, muitas delas habituadas a procurar na natureza a solução para problemas de saúde. Porém, a falta de incentivos a essa prática começou a fazer com que as novas gerações considerassem esse tipo de atitude um erro. “A própria OMS hoje reconhece o valor da fitoterapia, e nas aulas nós buscamos reforçar esse saber popular, passando qual a melhor forma de preparar determinada planta, a quantidade, etc” diz João Pereira Vale Neto, responsável pela iniciativa mantida pela entidade Ação Darmata.
A iniciativa aborda também o lado preventivo, apontando que o consumo periódico de determinadas plantas ajuda a evitar o surgimento de males como osteoporose. Além disso, as aulas abordam diferentes aspectos relacionados à saúde, como questões emocionais, sociais e familiares. “A doença é apenas a ponta do iceberg. Por que os trabalhadores daqui sofrem com dores nas costas? São muitos anos trabalhando curvados com enxadas de cabo curto. A saúde é também uma questão social”, comenta Vale Neto.
Quem se formar no curso, segundo ele, atuarão como líderes locais, cultivando plantas e orientando vizinhos, familiares e amigos sobre o seu uso.
Novas perspectivas
O projeto pretende estender sua atuação para além das aulas, e deve incluir a elaboração de uma cartilha em forma de cordel para divulgar orientações sobre o uso medicinal de plantas. A Ação Darmata planeja elaborar ainda um documentário com base em filmagens das aulas e estuda uma parceria com a TV universitária local para criar um programa sobre o tema.
“A medicina natural é parte da cultura da região e precisa ser estimulada. O nosso maior desafio é mudar a mentalidade dos moradores da região, para que valorizem os recursos naturais e preservem o seu entorno”, destaca Vale Neto.
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