domingo, 8 de maio de 2011

Commodities despencam e dólar reage

Commodities despencam e dólar reage
O mercado financeiro global ensaia uma correção de rota após a divulgação, nas últimas semanas, de vários indicadores que mostram que a economia dos países desenvolvidos ainda não ostenta o vigor que muitos imaginavam. Ontem, essa percepção se refletiu em uma forte queda nos preços das commodities mundo afora. O petróleo, por exemplo, perdeu quase 9% no mercado nova-iorquino, maior queda diária desde abril 2009.
O barril para entrega em junho encerrou a quinta-feira valendo US$ 99,80. Foi o primeiro fechamento abaixo de US$ 100 desde março. No Brasil, esse movimento fez o dólar subir quase 1% ante o real, para R$ 1,626. A moeda americana acumula valorização de 3,3% ante a brasileira nesta primeira semana de maio. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) perdeu 0,33% ontem (e 4,12% no mês).
Especialistas apresentaram uma variedade de explicações para a queda do petróleo e de outras commodities, inclusive os modestos dados sobre o desemprego divulgados nos Estados Unidos e a valorização do dólar no mercado mundial - o que tende a tornar todas as commodities denominadas em dólares mais baratas para quem tem essa moeda e mais caras para os detentores de outras moedas.

"A bolha estoura", disse Michael Lynch, presidente da Strategic Energy and Economic Research, uma empresa de consultoria. Nos últimos quatro dias, os preços do petróleo caíram cerca de 12%, o declínio mais rápido até este momento do ano. Baixas semelhantes ocorreram tanto para o petróleo leve, que serve de referência nos EUA, quanto para o Brent, de referência para a Europa e a Ásia.

Quase todas as commodities tiveram queda de preço ontem. O ouro para entrega em junho caiu 2,2%, ou US$ 33,90, para US$ 1.481,40 a onça, enquanto a prata perdeu 8% ou US$ 3,148, para US$ 36,24 a onça. As cotações de outros metais - como níquel, cobre, paládio e platina - baixaram consideravelmente. Café, milho, algodão, trigo e soja também declinaram.

"Um dia não faz uma tendência, mas essa correção era necessária", afirmou Addison Armstrong, diretor sênior de pesquisa de mercado da TraditionEnergy, uma empresa de consultoria. "Hoje (ontem), a venda é impulsionada por um movimento incrivelmente forte do dólar e pelo início da destruição de alguma demanda. Os fundamentos não têm sido suficientemente bons para justificar esses níveis."

Dois fatores detonaram o mau humor especificamente ontem. O primeiro foi a divulgação de que os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA cresceram na semana passada, para 474 mil. Analistas esperavam uma queda.

O outro fator foi a decisão do Banco Central Europeu (BCE) de manter a taxa básica de juros inalterada em 1,25% ao ano. Na entrevista que concede após os encontros de política monetária, o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, indicou que não elevará o juro em junho, como parte do mercado esperava. A explicação: a economia da região não exibe tanto vigor.

Fonte: O Estado de São Paulo

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