sábado, 10 de janeiro de 2009

Geopark-DIÁRIO DO NORDESTE

GeoPark Araripe

Unesco prevê primeira avaliação só em 2010

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Geotope da Batateira no Crato, um dos nove previstos para composição do Geopark Araripe, que teve prazo ampliado para a primeira avaliação da Unesco (Foto: CID BARBOSA)

A sede do Geopark será feita no Crato. A abertura de licitação foi na última quarta-feira, no valor de R$ 700 mil

Juazeiro do Norte. Com avaliação da Unesco, agora prevista para 2010, e não para o final do início do semestre deste ano, os integrantes de instituições, voltadas para o desenvolvimento do projeto do Geopark Araripe, estão otimistas em relação ao início dos trabalhos na área de infra-estrutura, com investimentos da ordem de R$ 12 milhões na região. O superintendente do Geopark, João de Aquino Limaverde, ressalta a sua preocupação no que diz respeito à vistoria a ser realizada pela Unesco, mas diz não haver possibilidade de se receber um “cartão vermelho” e sim um “amarelo”, tendo em vista o desenvolvimento de um trabalho, incluindo um diagnóstico que, em breve, será iniciado nas áreas dos nove geotopes, pontos estratégicos de delimitações das áreas do Geopark Araripe.

“Existe uma preocupação em relação à avaliação da Unesco, mas não é do tamanho que fazem”, diz o superintendente. Em Santana do Cariri, a “Capital da Paleontologia”, foram iniciadas reforma e ampliação do Museu de Paleontologia, avaliada em mais de R$ 640 mil, onde se encontra um acervo paleontológico de cerca de sete mil exemplares de fósseis. No Crato, onde será construída a sede do Geopark Araripe, foi aberta licitação da obra de R$ 700 mil, a ser construída com verba do Ministério da Integração Nacional, e executada pela Secretaria das Cidades.

Mesmo com essas boas perspectivas de investimentos, o prefeito do Crato, Samuel Araripe, diz ter todo o interesse de apoiar o projeto do ponto de vista institucional, mas ressalta a necessidade de haver uma sensibilização das entidades e instituições regionais em relação ao governo, por conta da relevância do projeto e a larga amplitude regional que o mesmo possibilita.

Preservação ambiental
Já o prefeito de Juazeiro do Norte, Manoel Santana, destaca o trabalho de parceria que pretende desenvolver junto com o Governo do Estado, no que diz respeito a recuperação da área do Geotope Granito, na Serra do Horto, no município, principalmente no sentido de promover a preservação ambiental da área, evitar a exploração mineral, e promover o turismo religioso e ambiental na área.

Mesmo com todas as preocupações pertinentes, até o momento, nos nove geotopes há apenas a presença dos marcos, os totens, alguns deles depredados, sem placas até, como acontece com o Granito, em Juazeiro do Norte. Os projetos para início das obras de infra-estrutura se encontram a cargo do Governo do Estado, por meio da Secretaria das Cidades, mas até o momento nada foi iniciado. A liberação de R$ 12 milhões, uma parceria do Banco Mundial com o Governo, anima os administradores dos municípios incluídos, demonstra a importância do primeiro Geopark das Américas, mas o desafio ainda está por vir, no que diz respeito à primeira avaliação, após três anos de prazo dado pela Unesco.

Condição remota
Caso, após dois anos de o Estado do Ceará receber o “cartão amarelo” vier um vermelho, será definitivamente desaprovado como Geopark, mas essa é quase uma condição remota, diante de todo o trabalho previsto ainda para o primeiro semestre do ano e o processo de divulgação e pesquisa em outros geoparks de países da Europa empreendidos.

O reitor da Universidade Regional do Cariri (Urca), professor Plácido Cidade Nuvens, diz que a instituição vê com muita apreensão a voracidade do tempo, e o que se tem conseguido se situa muito mais no campo da divulgação, da colocação afetiva do Geopark como assunto de discussão e conhecimento da comunidade regional e até da comunidade estadual, a exemplo do Seminário Internacional a respeito do Geopark, realizado em Fortaleza. A instituição é a gestora oficial do Geopark. “Temos procurado motivar o governo para realizações, em fazer avançar as discussões e as execuções em torno do Geopark, considerando precisamente a avaliação que deverá ser feita”, explica, ao ressaltar que o Governo do Estado tem mostrado sensibilidade e convergência de interesses nesse sentido.

“Tanto é que foi a Secretaria das Cidades que promoveu esse seminário internacional. No campo das realizações têm alguns projetos encaminhados, como o diagnóstico das áreas em torno dos geotopes da Chapada do Araripe, que está em execução com um custo avaliado em R$ 168 mil”, destaca.

Um projeto de estruturação físico-territorial dos geotopes começa a ser encaminhado. Inicia-se na Capital da Paleontologia, Santana do Cariri, as intenções do governo em expandir os demais geotopes com a sinalização de área, pavimentação do acesso em pedra tosca, construção do pórtico, guaritas, depósito e muro, centro didático e centro de apoio aos visitantes, cerca delimitando área, tratamento ambiental da área de estacionamento, abertura de trilhas com pavimentação drenante, tratamento paisagístico em toda a área de 60 tarefas e a construção de réplicas de dinossauros, que serão postos ao longo da entrada de acesso, onde serão construídas três passagens molhadas.

Licitação
Segundo o reitor da Urca, a sinalização positiva do governo Cid Gomes e do secretário das Cidades, Joaquim Cartaxo, está na preparação do geotope de Santana do Cariri, orçada no projeto de R$ 1.713,328. Já a construção da sede do Geopark, que será feita na cidade do Crato, teve abertura de licitação na última quarta-feira, no valor de R$ 700 mil.

“Temos esse investimento imediato de pelo menos R$ 2,5 milhões. Como se trata de um processo que tem uma amplitude até interestadual, esse início de trabalho vai representar no compromisso efetivo em fazer todos os esforços possíveis para honrar os compromissos assumidos com a Unesco”, diz.

O planejamento do encontro panamericano de parques nacionais, com a I Conferência Panamericana de Geopark, a ser realizada este ano no Cariri, será uma forma de motivar a preparação de novas comunidades com o interesse de obter o selo do Geopark.

ELIZÂNGELA SANTOS
Repórter

O QUE ELES PENSAM

Instituições se empenham na execução

"A Urca é a gestora do Geopark Araripe ao lado da comissão. Temos desenvolvido um trabalho no envolvimento das Pró-reitorias de Pós-Graduação e de Pesquisa e também de Extensão, com um projeto muito claro de fazer no Sítio Fundão, no Crato, um núcleo de apoio de pesquisa e trabalho de sistematização do processo de educação ambiental".
Plácido Cidade Nuvens
Reitor da Urca

"Juazeiro vai ser parceiro do Governo do Estado nas ações de qualificação do nosso Geotope Granito. A nossa preocupação diz respeito à Serra do Horto, da flora natural e os recursos minerais, para evitar a exploração ilegal. A outra preocupação é quanto ao saneamento ambiental. Há uma ocupação desordenada da serra. Precisamos impedir".
Manoel Santana
Prefeito de Juazeiro do Norte

"Vejo com grande preocupação a possibilidade de perda do Selo da Unesco. O Geopark Araripe tem uma importância ímpar para a região, o turismo religioso, a economia regional, sendo um meio fundamental para a divulgação do Cariri. Se torna urgente um trabalho efetivo do Governo do Estado para a infra-estrutura, uma exigência da Unesco".
Samuel Araripe
Prefeito do Crato

"Existe uma preocupação em relação à avaliação da Unesco, mas não é do tamanho que fazem. A comissão da Unesco poderá vir somente em 2010 para realizar vistoria. Se não tivermos feito o dever de casa bem feito, poderemos recebe um “cartão amarelo”, e, somente após dois anos, um “vermelho”, caso não tenha sido feito nada".
João de Aquino Limaverde
Superintendente do Geopark Araripe

POLÍTICAS PÚBLICAS

Ações para desenvolver projeto
Juazeiro do Norte. A secretária executiva da Secretaria das Cidades do Estado, Vânia Araripe, destaca a preocupação do governo em adotar uma série de ações para estimular o desenvolvimento do Geopark Araripe. Destaca, entre elas, a participação de uma delegação, chefiada pelo vice-governador Francisco Pinheiro, na 3ª Conferência Internacional de Geoparks, em Osnabrück, na Alemanha. Durante esse período, o Governo do Estado recebeu da Unesco a missão de realizar a 1ª Conferência Panamericana de Geopark e de fomentar o surgimento de novos geoparks no Brasil e nas Américas. No mesmo período, a Secretaria das Cidades realizou uma missão técnica a geoparks em Portugal e na Alemanha, para colher subsídios para o projeto de estruturação do Geopark Araripe. “As experiências colhidas nestas duas missões foram divulgadas durante dois seminários promovidos pela Secretaria das Cidades, sendo um em Fortaleza e o outro na região do Cariri”, lembra. Além disso, diz ela, a Secretaria das Cidades promoveu em novembro do ano passado o 1ºSeminário Internacional sobre Geoparks e Geoturismo, em Fortaleza, que contou com a participação de especialistas internacionais e nacionais e com a representação da Unesco. O evento teve o objetivo de divulgar o programa global de geoparks e destacar a importância do Geopark Araripe para o desenvolvimento do Cariri.

Segundo Vânia Araripe, um grupo multisetorial se reúne periodicamente para tratar dos projetos voltados para o Geopark Araripe, nos mais diversos aspectos, tais como o ambiental, educacional, científico, estrutural, entre outros.

Do ponto de vista da Secretaria das Cidades, o Geopark Araripe está inserido dentro de um projeto de desenvolvimento regional, chamado Cidades do Ceará/ Cariri Central.

Mais informações:
Universidade Regional do Cariri
(88) 3102.1202
Escritório do Geopark Araripe, no Crato, Rua Teófilo Siqueira, 754, Centro, (88) 3101.5646

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