Geógrafo elabora catálogo com principais dados sobre cavernas brasileiras
Brasília, 29 de julho de 2009.
Foto: Isabela Lyrio/UnB AgênciaCatálogo nacional de cavernas ajudará na tomada de decisão do setor produtivo, especialmente nas áreas de mineração e de pesquisa. O geógrafo Ricardo Marra, em sua tese de doutorado, estudou 1.169 das 6.522 cavidades naturais subterrâneas (CNSs) cadastradas na base de dados do Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Cecav/Ibama) no período de seu estudo (2005-2008). “O estudo tem diversas aplicabilidades, propiciando o conhecimento das regiões que detêm o potencial de ocorrência de cavidades. Essas informações, cruzadas com as de litologia, biomas e potencialidade agrícola, pode corroborar na tomada de decisão com segurança e isenção de erros”, afirmou o pesquisador. O estudo de Marra, que tem por objetivo subsidiar ações para preservação e exploração das cavernas, poderá auxiliar no desenvolvimento da metodologia para classificação do grau de relevância das CNSs, conforme previsto no Decreto nº 6.640/08 editado pelo governo federal em novembro do ano passado. Até a edição do decreto, as cavernas eram consideradas áreas de proteção especial e nenhuma delas poderia sofrer impactos ambientais irreversíveis. Agora, a legislação prevê a classificação das cavidades existentes no país pelo seu grau de relevância e permite atividades produtivas que causem impactos ambientais somente nas que não sejam consideradas como de “máxima relevância”. “Minha pesquisa não se baseou nesse decreto, portanto não se aplica a dizer se uma caverna é ou não relevante”, afirmou. A tese, intitulada Critérios de relevância para classificação de cavernas no Brasil, foi realizada no Centro de Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Brasília (CDS/UnB) e considerou os 16 critérios de relevância definidos pela Resolução Conama Nº 347/04: dimensão, morfologia, valores paisagísticos, peculiaridades geológicas, peculiaridades geomorfológicas, peculiaridades mineralógicas, vestígios arqueológicos, vestígios paleontológicos, recursos hídricos, ecossistemas frágeis, espécies endêmicas, espécies raras, espécies ameaçadas de extinção, diversidade biológica, relevância histórico-cultural e relevância socioeconômica. Além dos critérios de relevância, considerou atributos de qualidade (ecológico, ambiental, cênico, científico, histórico-cultural e socioeconômico) e de contexto exigidos pela legislação ambiental (local, regional, nacional e internacional). ResultadosSegundo Marra, as regiões sudeste e centro-oeste são suficientes para que se compreenda a dimensão do Patrimônio Espeleológico Nacional (PEN). “Essas duas regiões são dominantes pela ocorrência de cavernas, atingindo 3.916 cavidades, ou seja, 65%. O estado de Minas Gerais sozinho abriga 2.535 unidades espeleológicas e representa 38,87% das cavernas do país, superando, de maneira isolada, o somatório de sete estados: Pará, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Paraná e Mato Grosso do Sul”, afirmou. Quanto aos municípios, a tese revela que Iporanga (SP) e Pains (MG), Felipe Guerra (RN) e Arcos (MG) destacam-se no que se refere à espeleologia, reunindo mais de 41% das CNSs amostradas. O município de Pains detém o maior número de cavidades naturais subterrâneas conhecidas no país, com 804 cavernas. “Esse município, com 419,2km², possui aproximadamente duas CNSs/km², índice extremamente alto se comparado com outros municípios brasileiros, o que exige dos órgãos do governo atenção redobrada sobre a região, com vistas ao monitoramento constante”, destacou. O universo de CNSs em rocha calcária corresponde a 3.229 cavernas (49,51%). As rochas carbonáticas pesquisadas representam 95% das cavernas do país. No que se refere ao potencial agrícola, 30,97% podem estar susceptíveis à erosão, deficiência de drenagem, nutrientes e com teores elevados de alumínio. Segundo o estudo de Marra, 92,73% das cavidades podem sofrer algum tipo de externalidade em função da agricultura, pois estão situadas na linha de frente da expansão da fronteira agrícola que tradicionalmente já sofreu alteração ou está em vias da mecanização. Do ponto de vista do bioma, o Cerrado abriga 4.054 CNSs (62,16%) do total do país, seguido pela Mata Atlântica, com 12,84%. “A Caatinga, historicamente desprezada no Brasil, demonstrou apresentar feições ambientais importantes, pois acolhe aproximadamente 22% de CNSs”, disse Marra. Tânia Carolina Machado e Mariana SilvaAssessoria de Comunicação do Confea
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