segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Sem resíduos tóxicos

Tecnologia
-->Química
Sem resíduos tóxicos
Patentes geram produtos para tratamento de efluentes industriais
Dinorah Ereno
Edição Impressa 155 - Janeiro 2009




Receber boletim
Fonte
A-
A+

------------------------ barra -------------------------------------->
Pesquisa FAPESP -
© Eduardo Cesar
Argila sintética elimina resíduo líquido de tingimento com corante azul
Duas tecnologias de descontaminação ambiental, uma para tratamento de efluentes industriais e outra para eliminação de compostos tóxicos em solos, desenvolvidas por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e licenciadas para a empresa Contech Produtos Biodegradáveis, de Valinhos, no interior paulista, estão prontas para serem colocadas no mercado. “Iniciamos com um balãozinho de 50 mililitros dentro do laboratório e hoje produzimos bateladas de 500 quilogramas”, diz o químico Odair Ferreira, que começou a trabalhar no desenvolvimento de uma substância para tratamento de efluentes têxteis em 1999, na sua dissertação de mestrado, e atualmente continua sua pesquisa como contratado da empresa. A base do produto para limpar efluentes criado no laboratório do Instituto de Química da universidade são nanopartículas de argila sintética que, colocadas em contato com os resíduos líquidos de processos de tingimento de tecido ou papel, funcionam como uma esponja que absorve os corantes. No final do processo, a água torna-se novamente limpa e pode ser descartada sem risco de contaminar lençóis freáticos e rios, podendo ainda ser reutilizada no processo industrial. “A partir da argila mineral é fabricada uma argila sintética nanoestruturada com propriedades específicas”, explica Ferreira. O tamanho reduzido das partículas, por volta de 100 nanômetros – para efeito de comparação, a molécula de DNA, que armazena o material genético das células, mede dois nanômetros de espessura –, aumenta a área de contato do produto com o efluente e, consequentemente, a sua eficiência de remediação. A argila sintética, em forma de pó, é colocada em contato com o efluente colorido em um sistema de agitação. A dosagem varia de acordo com a natureza e a concentração das substâncias químicas presentes em cada efluente. “Nos processos de tingimento, para que os tecidos fiquem com uma cor acentua­da, muitas vezes os fabricantes usam quantidades de corante superiores ao que a fibra consegue adsorver”, diz Ferreira. Adsorver e absorver são processos bem diferentes. Uma esponja absorve água, mas o líquido sai facilmente quando ela é espremida, enquanto na adsorção as moléculas ou íons ficam retidos na superfície de sólidos por interações químicas ou físicas. Os próprios fabricantes de corantes estão criando substâncias cada vez mais resistentes. “O corante azul reativo 19, bastante usado na indústria têxtil, quando despejado no rio permanece por até 50 anos”, exemplifica.

Nenhum comentário: