Demissão e queda nas exportações cearensesCalma. Esse é o pedido do presidente da Fiec (Federação das Indústrias do Estado do Ceará), Roberto Macêdo, aos empresários cearenses. Ele admite que os resultados negativos de janeiro, como a queda acima de 20% nas exportações do Estado, ´assustam´, mas afirma que é preciso esperar o fechamento do primeiro trimestre antes de avaliar os efeitos da crise financeira sobre a indústria local.
´Não é uma queda tão violenta quanto parece. Pode ser apenas uma topada´, minimiza. Para o empresário, somente depois de março, será possível separar o que é conseqüência da crise global e o que diz respeito a razões sazonais. E antecipa: os resultados de fevereiro, provavelmente, serão ainda menores. ´Mas não é motivo para ninguém ficar apavorado´, diz.
Ele explica que a queda anunciada se deve à própria duração do mês — mais curto e marcado pelo Carnaval, além de outras questões sazonais. A estação chuvosa, por exemplo, deve afetar segmentos como tintas e materiais de construção. ´Essa retração no setor calçadista também é normal´, afirma o líder classista, sobre a indústria que amargou queda de 11,9% nas exportações em janeiro e demitiu 2.900 pessoas em cinco meses em duas de suas maiores empresas.
Segundo Macedo, clientes têm cancelado a entrega de pedidos feitos com antecedência. ´(Os compradores) não venderam os estoques ou não possuem dinheiro para pagar´, justifica. Isso vem acontecendo não apenas no exterior, mas também no mercado interno. Supermercados e armazéns, ´possivelmente no Sul´, suspenderam ou postergaram a entrega de mercadorias, sobretudo calçados e confecções. ´Mas não dá para dizer que foi a crise, pode ter sido alguma fator sazonal´, pondera.
De qualquer forma, os empresários estão preocupados e tentando reagir aos números negativos, de acordo com o presidente da Fiec. ´Mas não dá para resolver o problema da noite para o dia´, diz, reforçando o discurso da calma.
Ele argumenta ainda que, aos poucos, os bancos estão voltando a emprestar, embora o custo do dinheiro continue alto, com ´taxas vergonhosamente elevadas´. Para o coordenador da Unidade de Economia e Estatística do Indi (Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará), Pedro Jorge Vianna, o governo federal deveria induzir os bancos a emprestarem mais e reduzirem os juros cobrados.
Juros ainda altos
´Em outros países, os juros estão próximos de zero´, completa Vianna. A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, está em 12,75% ao ano. Na China, a taxa básica atual é de 5,31%, na Grã-Bretanha caiu a 1,5% e nos Estados Unidos se mantém entre zero e 0,25% ao ano. A divulgação do ´spread´ por instituição bancária, dado que embute entre outras coisas o ganho dos bancos, é uma das idéias do governo para pressionar a redução da diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada nos empréstimos.
Fonte: Diário do Nordeste - 13/02/09
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