Barbalha. O momento agora é de expectativa em relação à avaliação do projeto Geopark Araripe. A amplitude dos debates e maior divulgação aconteceu durante a 1ª Conferência Latino-Americana e Caribenha de Geoparks. Nos próximos 20 dias, será inaugurada na região, com a provável presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a sede administrativa do Geopark Araripe, em Crato. Foram investidos no projeto, por meio do Ministério da Integração Nacional (MIN), cerca de R$ 800 mil em edificação, equipamentos e também transporte.
No último dia dos debates, ontem, foi ressaltada a importância de incorporar aos trabalhos áreas como a arqueologia da região, que hoje conta com um rico acervo em alguns Municípios, onde já foram registrados importantes achados rupestres. A Conferência de Geoparks, segundo o secretário de Ciência, Tecnologioa e Educação Superior do Estado (Secitece), René Barreira, foi um passo importante no direcionamento futuro da criação de uma rede de geoparks no Brasil. Para isso, está acontecendo uma movimentação em nível ministerial.
Segundo o coordenador executivo do Geopark Araripe, Patrício Melo, um conjunto de ações foram planejadas de modo regular e emergencial para esse momento, mas sempre pautado numa avaliação para que fossem cumpridas metas que estavam planejadas até o ano de 2010. Este ano, o projeto, que tem administração direta da Universidade Regional do Cariri (Urca), teve uma verba de manutenção de cerca de R$ 390 mil. "Isso significa que em outros aspectos fomos contemplados, no sentido de garantir que eventos com essa importância fossem realizados", diz ele.
Inventário
Patrício Melo destaca a importância do inventário que foi realizado nas áreas dos dez geossítios, em seis Municípios da região, e que agora estará sendo atualizado. A proposta de infraestrutura das áreas para visitação está em andamento, e os passos futuros são dar condições melhores aos geossítios para receber os visitantes. Ele ressalta o sentido diferenciado numa área em que as próprias comunidades devem ser os protagonistas do processo, por meio da promoção de um desenvolvimento sustentado nessas áreas e com promoção humana.
De acordo com o coordenador, a resposta tem sido positiva em relação a todos os procedimentos que foram avaliados até o momento. Os apoios dos governos do Estado e Federal e da própria Urca foram essenciais, conforme ele, dentro desse processo. "Agora teremos a possibilidade de planejar a médio e longo prazos. É um momento em que podemos respirar, porque esse processo de desenvolvimento de um geopark é difícil".
Patrício Melo ressalta, dentro dessa condição, todas as desigualdades ainda existentes na região, ao considerar populações urbanas e rurais dentro de um processo diferenciado e Municípios com um nível maior de complexidade, em termos de serviços públicos.
O professor Álamo Feitosa Saraiva, do Comitê Científico do Geopark, afirma que esse é um momento de readequação e até de ampliação da unidade no Cariri, no sentido de possibilitar a inserção de áreas importantes da região, que ficaram de fora desse primeiro momento. Ele exemplifica áreas como a espeleologia, com as grutas do Município de Araripe, e as inscrições rupestres encontradas em vários municípios da região, como em Araripe.
"Estamos devendo à arqueologia. O nosso potencial é muito grande", diz ele, ao ressaltar a importância de se produzir um inventário dessas áreas.
No trabalho de escavação paleontológica, ele afirma que novos investimentos têm sido voltados para a pesquisa. Recentemente foram aprovados projetos do Instituto de Arqueologia e Paleontologia e Ambiente do Semi-Árido (Inapas), no valor de R$ 197 mil, e do CNPq, de R$ 126 mil, este específico para pesquisas específicas das formações Crato e Romualdo.
Caminho
"Dois momentos se encerram do Geopark, um após a avaliação e outro se inicia"
Patrício Melo
Coordenador do Geopark
"A presença de estrangeiros na região mostra que estamos no caminho certo"
Álamo Feitosa
Paleontólogo e professor do Museu de Santana do Cariri
MAIS INFORMAÇÕES
Geopark Araripe
Rua Teófilo Siqueira, 754, Bairro Pimenta, Crato-CE
(88) 3101.1237
CONFERÊNCIA
Comunidade passa a conhecer projeto
Juazeiro do Norte. A comunidade tem a oportunidade de conhecer de perto o processo de desenvolvimento regional adotado pelo Geopark Araripe. Pelo menos essa é a constatação da professora do curso de Geografia da Urca, Lireida Maria Albuquerque. Ela afirma que, em quatro anos, durante a conferência entendeu o que é o geopark e a ampla proposta de desenvolvimento regional que o projeto incorpora.
Para a docente, nesse momento ficam as ressalvas para serem debatidas dentro do ambiente acadêmico. Ela afirma que uma de suas preocupações está no processo de continuidade do projeto, com as novas administrações que se sucedem dentro da instituição. "Para mim, ainda não ficou clara a importância da Urca no processo de gestão e isso é fundamental ocorrer", diz. A professora destaca o desenvolvimento e a riqueza do Cariri e diz que há ainda uma grande carência de infraestrutura e organização.
"Quero ver o futuro do Geopark de maneira otimista para que a gente possa construir na consolidação dos processos, a exemplo do turismo regional", acrescenta. Para o subsecretário de Meio Ambiente do Município de Barbalha, Marcos Torres, a expansão do conhecimento do que vem a ser geopark se amplia para ele nesse momento, com a participação na conferência.
Há uma necessidade de divulgação maior desse projeto junto às comunidades, segundo ele, para que as pessoas possam entender e incorporar o real sentido do que significa esse projeto e os retornos para a população. O que realmente, diz ele, pode acontecer no futuro.
ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTER
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