Para um país crescer economicamente a uma taxa superior a 5% de forma continuada, são necessários dois pilares: infraestrutura adequada e mão de obra preparada. O Brasil precisa enfrentar esses dois desafios para aproveitar as condições favoráveis que nos permitirão, finalmente, almejar um salto qualitativo como nação.
Essa demanda por profissionais qualificados pode significar excelente oportunidade para aqueles que souberem se capacitar corretamente e focar nos setores mais carentes de pessoal.
Encontrar profissionais qualificados para projetos de expansão tem sido aparentemente complicado para as empresas. Pesquisa recente da Fundação Dom Cabral com as 76 maiores empresas do Brasil mostrou que 67% delas têm enfrentado dificuldades para preencher suas vagas.
O Sistema Nacional de Empregos do Ministério do Trabalho e Emprego registrou que 39% das vagas ofertadas pela rede pública de agências, em 2009, não foram preenchidas. Esse foi o índice mais alto dos últimos anos, o que significa que em 1,7 milhão de vagas não foram encontradas pessoas qualificadas para a função. Isso em um País em que, apesar de ter taxa de desemprego em queda, ainda possui cerca de 8 milhões de pessoas sem emprego.
Essa dificuldade só deve aumentar, já que o mercado de contratações parece que continuará bastante aquecido, principalmente na América do Sul. Pesquisa da PriceWaterhouseCoopers com 194 presidentes de empresa do continente indicou que 41% delas pretende aumentar a quantidade de profissionais neste ano, sendo que 12% querem elevar em mais de 8% o quadro de profissionais, a maior taxa do planeta.
Se há necessidade de contratações e as empresas não estão encontrando gente adequada, espera-se que os salários desses poucos qualificados sejam relativamente maiores. O professor Naercio Menezes Filho, do Insper, porém, identifica que esse fenômeno salarial não está ocorrendo. Com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Naercio mostra que os salários de quem possui Ensino Superior, e, portanto, é mais qualificado, está 150% acima de quem apenas concluiu o Ensino Médio, como era de se esperar.
A questão é que essa taxa tem declinado, já que ela era de 160% seis anos atrás. Na visão dele, isso demonstra que há mais gente qualificada sendo ofertada no mercado do que a demanda de contratações.
As razões para essa situação aparentemente contraditória podem ser:
• faltam profissionais qualificados em alguns setores e sobram em outros;
• pessoas qualificadas não se encontram na localidade em que há necessidade;
• há carência de profissionais com pós-graduação, já que a diferença salarial de quem tinha mestrado e doutorado em relação aos bacharéis passou de 40% em 1992 para 70% em 2008.
Essa é uma discussão ampla e complexa no Brasil e que está apenas começando. O que se pode concluir é que alguns setores, como construção civil, nutricionismo e farmacêutico, estão claramente com mais dificuldades de preencher suas vagas.
As indústrias naval e de petróleo e gás são outras que precisarão de muitos profissionais para dar conta dos projetos ligados ao Pré-Sal. Além disso, todo serviço que tiver relação com o setor esportivo tende a crescer muito com os investimentos para a Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016, que ocorrerão no Brasil.
Por fim, esse cenário confirma que, quanto mais qualificado maior o reflexo no seu salário, principalmente para quem alcança uma pós-graduação. A eventual carência de profissionais qualificados é um problema bom e impensável alguns anos atrás, mas, ainda assim, não deixa de ser preocupante. Assim, cabe ao profissional atento transformá-lo em oportunidades de desenvolvimento de carreira.Fernando Trevisan, especial para o iG
Fernando Trevisan é diretor-geral da Trevisan Escola de Negócios
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