quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A importância de crescer


ARTIGO | A importância de crescer

por CNI - Confederação Nacional da Indústria, Quarta, 15 de Agosto de 2012 às 15:11 ·
Artigo do presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, publicado no jornal Correio Braziliense, em 15/08/2012

Como alguns analistas já reconhecem, a economia se assemelha mais à arte do que à ciência. Por muito tempo, o Brasil foi não um laboratório de medidas econômicas, mas um ateliê, de onde saíram alguns quadros mal-ajambrados. Trabalhadores e empresas não são substâncias químicas ou experimentos físicos, que podem ser manipulados e controlados. Quando discordam das medidas desenhadas por formuladores de políticas públicas, os agentes econômicos não respondem. Por isso, é difícil acertar a sintonia das ações que pretendem levar o nível de atividade para um lado ou para outro.

Toda política econômica deve ser medida pelo sucesso em atingir seu objetivo primordial: aumentar o bem-estar da população. Para obter esse resultado, é imprescindível garantir que a geração de riquezas cresça de forma continuada. A necessidade de expansão econômica parece ser uma verdade autoevidente, mas é passível de explicação. O incremento consistente do Produto Interno Bruto (PIB) é o pré-requisito básico para a melhora na qualidade de vida. Por isso, ele precisa ser perseguido com toda atenção e energia possíveis.

Somente quando a economia cresce solidamente, sem os percalços próprios de uma montanha-russa, é possível assegurar que o setor privado gere empregos na quantidade e na qualidade exigidas pelo aumento populacional. Em média, o Brasil põe cerca de 1,5 milhão de pessoas por ano no mercado de trabalho ? elas sustentam a esperança de conseguir uma vaga, organizar suas vidas e prosperar. Quando a economia anda de lado, esses sonhos se frustram. Se ela claudica por muito tempo, como nos anos 1980, uma geração inteira fica prejudicada. Isso não pode se repetir. Com o crescimento da renda por anos seguidos, a distribuição de riquezas surge como consequência natural. Do contrário, reparte-se a pobreza, como ainda ocorre nos dois ou três países que insistem em se agarrar a uma ideologia que ruiu com o muro de Berlim. Sempre que o PIB brasileiro aumenta num ritmo maior, a desigualdade tende a cair mais fortemente. Nos anos recentes, em que o desempenho da economia foi bom, incluímos cerca de 40 milhões de pessoas na classe média. Para que essa ascensão sem precedentes não sofra um revés, é preciso continuar com o pé no acelerador.

A expansão numa velocidade consistente aumenta a renda e traz confiança para os trabalhadores consumirem bens e serviços. Certos de que terão mercado para seus produtos, as empresas se sentem seguras para investir e contratar. A maciça aplicação de recursos públicos e privados na melhora da infraestrutura e na criação e ampliação de negócios pavimenta o caminho para o crescimento sustentado, com inflação sob controle. Quando a oferta anda junto ou na frente da procura, a remarcação de preços é desestimulada. Isso traz ganhos para o salário real do trabalhador, e o processo se autoalimenta. Esse movimento cria um círculo virtuoso, em que um bom desempenho acaba por condicionar uma melhora ainda maior à frente. São conhecidos os ganhos na autoestima de quem mora num país que exibe bons números na economia. A vida não tem nos aspectos materiais seu principal elemento, é claro. Mas o sucesso econômico espalha satisfação entre trabalhadores e empresários. Quem consegue um bom emprego, com remuneração condizente e chances de se desenvolver profissionalmente, levanta mais disposto de manhã. O mesmo ocorre com quem vê o desenvolvimento de seu negócio.

Não à toa, no combate à crise global, os governos redirecionam seus esforços para o estímulo do crescimento. Na Europa, onde diversos países enfrentam a segunda recessão em menos de quatro anos, começa a se formar um consenso de que a austeridade, por si só, não vai reanimar o continente. É preciso fazer a economia se movimentar novamente, até para que a arrecadação de impostos se recupere, contribuindo para amenizar os problemas fiscais. Também no Brasil, a administração federal vem adotando seguidas medidas para impulsionar o nível de atividade.

No entanto, a estratégia de ancorar a expansão brasileira principalmente no consumo parece ter esgotado seus efeitos. O mais recomendável é incentivar a economia com investimentos e aumento da competitividade industrial para retomar um ritmo satisfatório. Segundo a estimativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), nosso PIB não vai se elevar mais do que 2,1% neste ano. Esse desempenho é insuficiente. O Brasil precisa de um crescimento exuberante, que se sustente a longo prazo, para se consolidar no rumo do pleno desenvolvimento econômico e social. Com as medidas corretas e o esforço de todos, chegaremos lá.

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