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domingo, 15 de janeiro de 2012
DIPLOMACIA CULTURAL
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Domingo, 15 de janeiroEdição Nº: 3046, Ano: 13
Diplomacia cultural
Por José do Nascimento Junior*
O Festival Europalia, que ocorre anualmente na Bélgica e centra suas atividades em um país convidado, tem como tema deste ano o Brasil. Estamos representados por espetáculos de música e dança, por debates no campo da literatura e do audiovisual e por mais de 20 exposições de artes visuais com cerca de 2.650 obras.
A participação brasileira desperta uma reflexão sobre o espaço, dentro da política e da diplomacia culturais, que esses eventos ocupam e podem ocupar na estratégia nacional.
Ver a presidente Dilma Rousseff abrir o Festival Europalia ao lado do Rei da Bélgica, Alberto II, e com a presença de Manuel Durão Barroso, presidente da Comunidade Europeia, tem um caráter simbólico que demonstra a altíssima relevância estratégica, para posicionar o Brasil no cenário internacional, de acontecimentos como esse.
Levamos à Comunidade Econômica Europeia uma das maiores mostras que nosso País já realizou fora de suas fronteiras. E a cultura está no centro dessa ação de diplomacia cultural.
O Ministério da Cultura, na pessoa da ministra Ana de Hollanda, coordenou essa ação viabilizando, política e financeiramente, a participação brasileira. Por sua vez, o Ministério das Relações Exteriores deu o tom a essa ação quanto à estratégia de política externa do País. A soma dos olhares do MinC e do MRE possibilitou a excelente visibilidade que reflete na repercussão internacional do festival.
Os jornais belgas e europeus celebraram e elogiaram a presença da produção artística brasileira em terras europeias, dando um caráter de uma antropofagia atualizada ao século 21. “O Brasil engole a Europa”, dizia uma das manchetes.
O projeto curatorial possibilitou mostrar a qualidade da produção artística nacional desde seus primórdios até nossa arte contemporânea, de Vitor Meirelles a Ernesto Netto. Apresentamo-nos sem clichês e sem nos tornar exóticos. Levamos nossa diversidade cultural criativa e fomos reconhecidos e celebrados por isso.
O resultado da ação realizada na Bélgica incentiva o País a, à luz de outras experiências internacionais, planejar sua participação em outros eventos, construindo estratégias de diplomacia cultural de longo prazo. Países como a Espanha criaram agências especialmente voltadas para promover a imagem do país no exterior a partir dessas efemérides, inclusive propondo-as.
Hoje temos dezenas de solicitações de intercâmbios. São do tipo “ano do Brasil” em diversos países, participação em feiras, como a do Livro de Frankfurt, ou como a Arco (exposição de arte contemporânea realizada na Espanha), que ocorre sempre em fevereiro.
O interesse sobre o Brasil e os convites para participação em eventos como esses são proporcionais ao peso político que exercemos internacionalmente. Nesse sentido, uma política de diplomacia cultural que some ações como o Festival Europalia e a cooperação cultural permanente tem papel estratégico na construção da imagem do Brasil no concerto geral das nações.
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*José do Nascimento Junior, antropólogo, é presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram-MinC).
Fonte: Jornal do Commercio
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