sexta-feira, 3 de junho de 2011

Na crise, Dilma lança Brasil Sem Miséria

Tânia Monteiro e Leonencio Nossa
BRASÍLIA - Em meio à crise envolvendo o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, a presidente Dilma Rousseff comandou nesta quinta-feira, 2, uma solenidade para lançar o plano Brasil Sem Miséria, destinado a melhorar a vida de 16,2 milhões de pessoas que vivem em casas em que a renda mensal é de até R$ 70 per capita. O governo, no entanto, não definiu o custo do projeto e a fonte dos recursos para cumprir a meta.
A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, informou que o governo estima investir anualmente R$ 20 bilhões no novo plano. Depois, assessores explicaram que desse total R$ 16 bilhões já são gastos com o Bolsa Família. O governo não detalhou de onde vai tirar o "dinheiro novo", isto é, os R$ 4 bilhões.
Nos primeiros dias de governo, Dilma afirmou que o plano de erradicação da miséria só seria apresentado quando estivesse totalmente pronto. Nesta quinta, ministros e assessores demonstraram dificuldades para explicar as diversas ações prevista e causaram confusão com números e valores.
O Brasil Sem Miséria é um pacote de que junta intenções do governo, projetos que não saíram do papel no governo Lula e reafirmações de compromissos da presidente na área social. Por meio de um conjunto de medidas provisórias e decretos, o governo criará uma Bolsa Verde de R$ 300 por trimestre para cerca de 70 mil famílias que vivem em áreas de floresta, incluirá outras 800 mil famílias no Bolsa Família e tentará localizar 16,2 milhões de brasileiros que, segundo o IBGE, vivem em estado de extrema pobreza.
Refém. Em seu discurso, Dilma leu ressaltou que o combate à pobreza é uma "prioridade" de seu governo. Num pequeno palanque em que estava Palocci, centro das atenções na solenidade, a presidente afirmou que o maior problema hoje do governo é resolver o problema dos pobres. "Se somos capazes de dar atenção a problemas e crises, não podemos esquecer da crise mais permanente, do problema maior e mais angustiante que é termos a pobreza crônica instalada no País", afirmou. "Os desafios não me mobilizam, não me tornam refém. Foram eles que me fizeram avançar na vida."
A presidente também rechaçou o "fatalismo" segundo o qual a pobreza existe e existirá sempre. "Isso não é realismo, é cinismo. Estou certa de que devemos e podemos construir nosso caminho para uma sociedade sem miséria, e acredito que nenhum de nós pode fugir dessa luta."

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