Uso da água divide mineradoras e Estado
O uso da água escassa do Norte de Minas abriu uma queda de braço entre o Governo do Estado e as mineradoras interessadas em explorar as jazidas de ferro da região de Rio Pardo de Minas, estimadas em 10 bilhões de toneladas - quase metade do potencial do Quadrilátero Ferrífero, que inclui 30 municípios mineiros, entre eles os da Região Metropolitana de Belo Horizonte, Itabira e Mariana, onde estão importantes minas da Vale.
As mineradoras querem construir um mineroduto - tubulação para transporte de minério de ferro - até o Porto de Ilhéus, na Bahia, mas o Governo de Minas Gerais é contra, por considerar que a solução consumiria muita água. Para o Governo do Estado, o ideal seria a construção de uma ferrovia. A logística de transporte da produção, seja por mineroduto ou ferrovia, e a exploração do mineral vão demandar investimentos de R$ 2,4 bilhões. A polêmica veio à tona ontem, durante audiência pública sobre o projeto em Rio Pardo de Minas.
O município de Rio Pardo de Minas fica a 500 quilômetros do Sul da Bahia, onde seria feito o escoamento da produção. A construção do mineroduto custaria US$ 500 mil por quilômetro instalado. No total, seriam gastos US$ 250 milhões. Já com a estrada de ferro, o valor seria o dobro. “As empresas não são contra a ferrovia. Porém, elas só aceitarão esta possibilidade por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP)”, revela o diretor do Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (Indi), Jamil Habib Cury.
Segundo Cury, além de Rio Pardo, outras cidades da região, como Grão Mogol e Salinas, também possuem potencial mineral. Cury diz que o minério de ferro encontrado na região tem uma qualidade boa, com um teor de concentração de 42%. No quadrilátero ferrífero, esse teor é de 60%.
O diretor-presidente da Mineração Minas Bahia (Miba), Alexandre Couri Sadi, disse que a empresa vai investir R$ 1 bilhão na exploração do mineral. Segundo ele, somente nos estudos de prospecção, feitos nos últimos 3 anos, já foram gastos mais de R$ 30 milhões. Ele confirmou que as empresas estão unidas para aceitar a construção da ferrovia somente por meio de uma PPP.
“É perfeitamente viável explorar o ferro encontrado na região. Precisamos do apoio do Governo para a possibilidade de uma estrada de ferro, que vai ficar muito cara. O que não vamos fazer, em hipótese alguma, é desistir deste projeto”, afirma Sadi.
A audiência pública em Rio Pardo de Minas reuniu órgãos públicos e representantes de mineradoras como Vale, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Votorantim Metais e Miba. Na pauta de discussões, além da logística, incentivos fiscais. Rio Pardo de Minas possui 28,2 mil habitantes e fica a 681 quilômetros de Belo Horizonte. (Fonte: Portal Hoje em Dia)
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